16 de fev. de 2014

O que seria preconceito naturalizado?

Vou dar um exemplo: Um misto de machismo e homofobia naturalizados.

Estava conversando com uma costureira que está prestando uns serviços, ela pergunta de meus filhos. Eu respondi que são tranquilos, mas estão na fase da adolescência. Falei que um é mais caseiro e o outro é mais festeiro. Ela perguntou se já namoravam e eu disse que um deles, sim. Escutei um: " Ah, é até bom, com essa onda de gay que está surgindo, é melhor mesmo que goste de sair, beber e seja namorador, né? (risos)".

Eu queria lembrar que homofobia é um conceito abrangente. Não é só quem espanca gay. É também quem morre de medo de ter um filho gay. É quem transfere a culpa para os outros, do tipo: "não sou eu o preconceituoso, é a sociedade". A parte machista, é que se em vez de filhos homens, eu falasse de duas meninas, certamente, a resposta não teria sido essa, ela teria elogiado só a mocinha caseira.

Machismo não é só homem que espanca mulher. É quem contribui com os valores patriarcais. É também quem diz que um filho só é feliz quando é criado com referência paterna e materna ( ou seja heteronormativa). É quem acha que existem mulheres ( as " vadias" por exemplo) que merecem morrer, apanhar ou serem estupradas. É quem cria meninos e meninas de forma sexista.

Racismo não é só quem discrimina negro. É achar feio o cabelo crespo solto. É achar que boa aparência e beleza tem a ver com pele clara e cabelos lisos.

Sugiro que nós, seres humanos, exercitemos nosso senso crítico, revejamos nossos valores. Muita coisa está errada em nós. O grupo que comete o ato de violência final, faz parte só da ponta do iceberg. Imerso nele, estamos todos nós.

Enquanto a gente não rever nossas posturas, jogar fora " verdades absolutas", termos humildade para reconhecer nossos erros, continuaremos produzindo relações humanas, afetivas e profissionais, pautadas na desigualdade, violência e injustiça.



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