21 de jul. de 2010

Há regras e regras...



Faça o que tu queres pois é tudo da lei. Já dizia Raul Seixas. Sabe que pintou uma dúvida quanto a minha concordância com essa frase? Se for no sentido de tu fazer o que tu queres com teu corpo, com tua vida, eu concordo 100%. Mas se for para sair prejudicando os outros ou o meio ambiente eu discordo.

Acabei de pensar que regra tem que existir para o bem de todos. Imagina o que seria de uma rua movimentada sem um semáforo? Sabe o que me fez filosofar sobre isso? Me chamaram de "ecochata". É engraçado esse negócio de faça o que tu queres e tu prejudicar os outros por isso. Se você nao separa lixo e não contribui com a natureza, você ta pouco se importando com o planeta, certo? Mas já virou moda chamar os outros de chatos e dizer que é careta ser politicamente correto. Eu penso que ser uma pessoa ecológica não custa nada. Já estou tão condicionada a separar lixo orgânico e seco, que faço em um piscar de olhos. Pra mim, chamar os outros de ecochatos ou o caramba a 4 é muito cômodo. Teu cérebro não se importa com o mundo e tu quer que os outros também não se importem? Se você não colabora, fazer o quê? Mas deixem em paz quem se sente feliz colaborando, oras.

Olha, ainda bem que existe regras. Acho uma bobagem certas regras de etiquetas, isso é verdade. Mas outras acho super necessário. Comer alface fazendo trouxinha pra mim é ridículo. Não estou interferindo no prato de ninguém, não faz mal para ninguém. Porém, se eu der um arroto bem alto, incomodarei os ouvidos alheios. Provoco mal estar.Tenho horror a quem joga lixo no chão. Também acho um nojo quem cospe no chão. Mas tudo isso interfere no meu bem star. Por isso, tenho direito de pedir educação! Porém, não fazer trouxa na hora de comer meu alface não prejudica mal estar em ninguém!

Um dia fui em uma loja que costumo ir e a vendedora que ja me conhece veio me cumprimentar. Perguntei quais as novas. Ela me disse que o pai iria embora trabalhar em Angola. Eu perguntei se ela também não tinha vontade de trabalhar la. Sabe o que ela me respondeu? "uii, Deus, me livre, aquele povo...", e apontou pra cor da pele. Eu me senti muito constrangida naquela situação. Primeiro porquê amo Lázaro Ramos e Thaís Araújo. Segundo porquê admiro a beleza negra e terceiro porquê pensei que poderia ser uma filha de negros e ela não saber. Me incomodou aquilo. Eu pergunto: é educado ofender os outros sem sequer um motivo? Nessa hora eu acho necessário regra de etiqueta. A moça foi extremamente deselegante.

Por isso resolvi escrever esse texto. Existem regras e regras, mas será que as pessoas são tão ignorantes que não percebem isso? Mas o que me deixa chateada é saber que o ser humano as vezes repara se eu faço trouxinha ou não no meu alface, se eu como peixe com talher certo, se eu entendo de vinho ou não,  mas não se preocupa com o mundo ou com o bem estar dos outros.

Me deixa triste uma pessoa capaz  de me dizer tanta coisa inútil e querer me humilhar por eu não ser uma conhecedora de pratos sofisticados, ou vinhos importados. Já vi muita gente arrogante por aí.Pobre ou rico, arrogância é um mal que acomete a todos.

Eu abraço a bandeira da utilidade. É por isso que eu sempre digo: todo ser humano deveria ter aulas anti-preconceito na escola. Só a educação salva. Mas infelizmente educar é papel dos pais, que quase sempre são os que estragam os filhos.Humildade é o valor menos preervado em muitas famílias. Ganância é idolatrada.

Mas voltando ao assunto, desculpe se você é aquela pessoa que come alface cuidadosamente mas arrota alto ou esquece de parar de ofender e falar mal dos outros. Outro dia, em uma conversa dessas entre mulheres, uma dondoca falava mal de uma outra conhecida. Sendo que eu conheço a outra moça e sei que ela pode ter seus defeitos, mas é uma pessoa útil na vida. Já ela, é uma inútil. Cheguei em casa pensando como as pessoas são engraçadas. Como dizia a finada Eliza no seu msn: " fácil é julgar."

Quer saber? Não sei exatamente se quero usar todas as regras e se todas são úteis. Mas acho que o bom senso na hora de seguí-las é o que mais importa. Portanto, se você também fica na dúvida quando escuta a famosa canção de Raulzito, minha dica é: na hora de saber se você deve usar uma regra, seja de etiqueta, ou social, pondere. Livre-se de todos os seus preconceitos, seja leve, não tente descontar nos outros suas frustrações. Seja compreensivo e se importe menos com o alface.

Quanto ao nosso artista baiano, tem uma frase dele que eu admiro muito e não fico nem um pouco na dúvida se concordo ou não: "Viva a sociedade alternativa!"