25 de mar. de 2010

Mulheres que amam de menos (por Martha Medeiros)



Mulheres que simplesmente amam

Por ja ter tido problema em amar demais, eu trouxe aqui um texto de Martha Medeiros pra mulherada refletir. Vou dar meu parecer sobre o tema também. Mas meu texto serve para ambos os sexos, pois não acredito que esse problema atinja só mulheres. O problema não é amar demais. É quando o excesso vira doença. Nada pode ser bom demasiadamente. Nem o amor. Vou fazer uma analogia aqui: imagina a pessoa que exagera no doce todo dia. Ela vai sentir uma vontade louca de continuar fazendo isso e não é tão diferente do vício de um drogado, pois não deixa de ser uma compulsão. Quando ela come aquele doce, na hora sacia seu desejo, mas sempre se arrepende depois. Sempre se culpa por isso. As consequencias do exagero a longo prazo são desastrosas. Ela sabe que comer pouco é o ideal, mas na hora do descontrole vem o diabinho com a tentação: " come mais, se esbalda!" Quando uma pessoa abdica boa parte de seus preciosos minutos fuçando o orkut do seu namorado(a) pra procurar coisas que ele(a) não costuma falar pra ela como quem ele aceitou nos últimos dias, ou quem era a(o) ex dele(a) ou ficante naquela lista, é porque ela está doente. Viciada em controlar a vida de alguém. Quando ela (e) quer saber quem são todos os contatos da agenda dele (a), investiga se tudo que ele (a) fala é verdade, nem sempre acredita que a outra pessoa é capaz de ficar só com ela, é pq a doença é grave. Muita gente deve ta se perguntando, ta, mas e se a pessoa der motivos e por isso eu fuço? Se a pessoa der motivos, é sinal de que você tem que cair fora do relacionamento. A mentira tem perna curta, você pode ter certeza, e, se a pessoa faz coisa errada, essa coisa virá à tona um dia. Se esse dia chegar, amiga (o), não existe nada a fazer a não ser sofrer, esperar a dor passar, voce ler aquele livro de auto-ajuda, ou fazer aquela terapia para esquecer o mal que lhe fizeram e simplesmente partir pra conhecer outra pessoa. Simples assim. Agora, o que não adianta é você ter uma vida regada à desconfiança, "serás" e sentimento de posse. Eu estava assim. Amava demais e estava confundindo as coisas. Aquela guria loira que seu namorado aceitou no orkut não significa algo pra ele. O moreno sarado não significa nada pra ela também. São apenas contatos de trabalho, ou quem sabe até já ficaram um dia? E qual o problema? Hoje, aquelas pessoas não representam nada. Isso que vale. Seria muita grosseria não aceitá-las só porque agora está namorando, ou por medo do que o parceiro (a) vai achar. Ter auto-controle e dominar o ciúme é uma arte. Para os homens então, deve ser ainda mais complicado já que neles o sentimento de posse é muito mais estimulado culturalmente. É com imenso orgulho que digo que hoje não faço mais parte do MADA- Mulheres que Amam Demais- e entrei para o grupo MSA - Mulheres que Simplesmente Amam. Amadurecer pra mim é isso. È todo dia crescer um pouco, explorar seu potencial de ser uma pessoa equilibrada mentalmente, ser feliz sem procurar problemas. O ser humano é engraçado. Quando está solteiro reclama da liberdade e quando está junto, com o tempo, tenta aprisionar a si mesmo ou alguém. Ninguém é completamente livre quando sente um amor que angustia, que prende a uma vida de desconfinça, de brigas, de rancor. Amar e ter alguém para planejar a vida é maravilhoso. Mas relacionamentos frequentemente trazem consequencias e um preço. Administrá-las e controlar os impulsos são a melhor forma de demonstrar que esse amor é verdadeiro. O amor pode ser lindo. E não precisa ser só no início do relacionamento. Pode ser pra sempre.

PS: isso sem falar das pessoas que passam horas, semanas, meses ou uma vida toda vivendo a vida de pessoas que nem sequer iniciaram um relacionamento... paixões não recíprocas, ilusórias ou virtuais... conheço alguns casos de mulheres que são assim. Vamos cair na real, né, gente! A vida tem tantas outras coisas além dessa busca que não leva à nada...

Segue texto:

Mulheres que amam de menos...

Eu quero dar meu depoimento. Creio ter um problema. Se mulheres que amam demais são aquelas que sufocam seus parceiros, que não confiam neles, que investigam cada passo que eles dão e que não conseguem pensar em mais nada a não ser em fantasiosas traições, então eu preciso admitir: sou uma mulher que ama de menos.

Eu nunca abri a caixa de mensagens do celular do meu marido.
Eu nunca abri um papel que estivesse em sua carteira.
Eu nunca fico irritada se uma colega de trabalho telefona pra ele.
Eu não escuto a conversa dele na extensão.
Eu não controlo o tanque de gasolina do carro dele para saber se ele andou muito ou pouco.Eu não me importo quando ele acha outra mulher bonita, desde que ela seja realmente bonita. Se não for, é porque ele tem mau gosto
Eu não me sinto insegura se ele não me faz declarações de amor a toda hora.
Eu não azucrino a vida dele.

Segundo o que tenho visto por aí, meu diagnóstico é lamentável: eu o amo pouco. Será?

Obsessão e descontrole são doenças sérias e merecem respeito e tratamento, mas batizar isso de "amar demais" é uma romantização e um desserviço às mulheres e aos homens. Fica implícito que amar tem medida, que amar tem limite, quando na verdade amar nunca é demais. O que existe são mulheres e homens que têm baixa auto-estima, que tem níveis exagerados de insegurança e que não sabem a diferença entre amor e possessão. E tem aqueles que são apenas ciumentos e desconfiados, tornando-se chatos demais.

Mas se todo mundo concorda que uma patologia pode ser batizada de "amor demais", então eu vou fundar As Mulheres que Amam De Menos, porque, pelo visto, quem é calma, quem não invade a privacidade do outro e quem confia na pessoa que escolheu pra viver também está doente.

Martha Medeiros