27 de ago. de 2009

além do pornô


Finalmente um filme contendo cenas de sexo explícito com conteúdo. Eu nunca tinha visto, tava zapeando os canais num sábado de madruga e passei no Max Prime. Vi o filme todo, adorei. O que chamou minha atenção foi que as cenas de sexo eram reais, não tinha aquela coisa de novela das oito, onde as cenas dão a entender que os casais apaixonados fazem sexo no vai e vem do ritmo de um carrossel de parquinho infantil em câmera lenta.... No filme rola aquela pegada (me desculpem a expressão a seguir, mas no momento não consigo achar uma melhor para descrever) com... trepada! E daquelas! Isso, na minha opinião, tornou o amor dos atores mais crédulo, emocionante. Fui pesquisar o filme na internet para comentar aqui no blog e achei até comunidade no orkut. Achei o mais engraçado, o comentário de um cara em um tópico: "me desculpem, mulheres mas eu adorei a Leila. Ela é promíscua, mas mesmo assim eu adorei".
Como assim me desculpar? nao achei a Leila promíscua. Pelo que entendi do filme, ela apenas tinha optado por nao se envolver emocionalmente, pois, durante a vida, o exemplo que teve de relacionamento foi o de seus pais que era um modelo insuportável de casamento. Fachada, pessoas que estao juntas por aparência. A velha hipocrisia que existe até hoje... muita coisa avançou, mas a cultura feminista caminha a passos lentos no mundo. Mulheres ainda são submissas, e ambos ainda ficam em casamentos fracassados apenas para não carregarem o fardo de serem separados. Pelo que percebi, a moça optou pela liberdade sexual e por aflorar seus instintos até conhecer um homem que mexeu com seus sentimentos e a fez acreditar no amor, e, descobriu que sexo e amor podem andar juntos. Queria perguntar ao rapaz autor da postagem se no homem instinto é natural, mas quando se fala de mulher é chamado de promiscuidade?

O filme eh maravilhoso, eu amei. Gostaria de poder ver mais filmes assim, sem que o ato sexual seja retratado de forma pornô, com mulheres objetos, aquela suruba manjada ou aquelas blonds gritando artificialmente o clássico "fuck me". Aliás, fica aqui uma dica para os novos diretores de filmes pornôs: será que não tem um nicho no mercado para casais que apreciam ver filme com conteúdo? pq Lie with me é um sucesso? olha, acho que tem diretor de filme por aí comendo mosca... eu ate me arrisco a dizer que vai existir um nome novo para esse tipo de filme. Acredito mesmo que é um mercado latente e que chegou a hora de inovar... minha dica não é só para casais heteros não, viu... eu acho que os homossexuais também gostariam de ver histórias inteligentes misturadas com sexo explícito... mas a indústria pornográfica ainda é mais cruel com eles. Parte do pressuposto que se o cara ou as mulheres são homos gostam somente de putaria grossa. Luz, câmera, ação... está na hora de rever os conceitos!
segue abaixo comentário bem legal que achei em um blog de Portugal sobre o filme:
Leila (Lauren Lee Smith) vive segundo os seus instintos. O sexo é, para ela, animal, mas é também uma fonte de poder sobre os homens. Leila não abdica do controle na sua própria vida, mas o iminente divórcio dos seus pais vem abalar o extremo oposto em que ela se encontra, confirmando o seu descrédito na durabilidade das relações.
Nesse Verão em Toronto, Leila conhece David (Eric Balfour). A sedução é fácil e satisfatória. Leila sabe que quer David, e que David a quer, mas à medida que começam a perceber que existem sentimentos a sustentar o seu desejo um pelo outro, o seu analfabetismo emocional faz-se notar. Pouco articulados na linguagem do amor, Leila e David parecem apenas conseguir comunicar através dos seus corpos.
Sexo é comunicação e, cada vez mais, nas relações modernas, é a única linguagem utilizada. Conhecer o outro, entrar na sua intimidade e partilhar dela, dá trabalho, e também medo. Face a esse medo e à perturbação que a ligação emocional provoca no normal funcionamento da sua vida, Leila recua. Mas fá-lo tarde demais. A vida segura que construiu começa a desmoronar-se em torno desse sentimento recusado. Leila começa a questionar-se sobre se é verdadeiramente independente, ou apenas tem medo de sentir. E acabará por entender que o desejo pode tapar a possibilidade de amor e que uma das condições essenciais para ser feliz é tornar-se vulnerável.
Baseado no livro de Tamara Faith Berger, que escreveu também o argumento em conjunto com o seu marido e realizador Clément Virgo, “Lie With Me” é um filme sexualmente explícito, mas longe de ser chocante, feito com realismo e sem vergonha (a entrega dos actores é notória), sobre o dilema que se estabelece entre o sexo sem contexto e o compromisso emocional, e sobre a procura de uma solução em que um e outro vivam, e onde a espontaneidade e a profundidade se misturem.
“Lie With Me” contrasta cenas sexuais intensas com detalhes de vidas solitárias, uma duplicidade que se reflete no próprio título: entre o deitarem-se juntos (‘lie with me’) e o viverem juntos uma mesma mentira (‘lie with me’), pode esconder-se aquilo que todos - mesmo o que se negam a aceitá-lo - andam à procura: o amor.
Mas sexo não é amor. E não é amor aquilo que Leila e David começam por fazer. No entanto, o abismo entre um e outro é bem menos acentuado do que muitas das teorias pseudo-modernas nos querem fazer crer.
Fugimos de sentimentos só para ver se eles correm mais do que nós, mas querendo secretamente que eles ganhem, e nos apanhem já sem fôlego para lhes resistirmos.
para quem ficou curioso, trailer no youtube: