7 de set. de 2007

1 e nem mais 1/2 semana de amor (Crônica 4)


Uma e nem mais 1/2 semana de amor


Juliana, 32 anos, é uma mulher independente, cheia de humor, acostumada a não levar a sério homens sarados e simpáticos que beija nas nights da vida. Mas um belo dia cai numa armadilha: em sua vida estava tudo indo bem quando numa despretensiosa balada de sexta feira, encontra um bêbado no bar. Com o coração estranhamente balançado, o encanto é imediato. É final de noite e ela resolve ajudá-lo. Sem saber porquê, não consegue ficar longe daquele homem e oferece carona de volta pra casa. 

São 5 horas da manhã, Juliana estaciona em frente ao hotel que ele está hospedado e por insistência dele, sobe até seu quarto. Cuidadosamente ela o deita na cama, tira seus sapatos. Enquanto ele só pensa em transar, ela o vê com afeto. Sem resistir já estava lá envolvida nos braços daquele homem que mal conhece. A química do álcool + os corpos resultam em um composto desconhecido pela ciência. Amanhece, vai embora de mansinho e deixa o número do seu telefone. No outro dia, o bêbado liga “bom” e sua voz parece uma melodia... aquele alô nao era um simples alô... tinha a música romântica do filme Titanic no fundo. Aquele telefonema era o começo de uma noite cheia de expectativas.

Eduardo aparece...gostoso, cheiroso, bem vestido. Nem parecia aquela figura que ela deixou no hotel. Agora sim, ela sabe quem é o sujeito. Mineiro, 29 anos, capoeirista por paixão e engenheiro agrônomo por profissão. Por obra do destino e transferência da empresa, estava agora ali, na mesma cidade de Juliana. Os dois seguem até a casa dela. Após horas de papo sem um beijo sequer, o fogo toma conta...eles se beijam e logo seguem pro quarto.

De madrugada, o ex-bêbado e agora praticamente homem de sua vida se despede com carinho e olha dentro dos seus olhos com a intenção de deixá-la arriada os 4 pneus. Pela manhã, ainda no estado entre a vida e o sono, embaraça tudo na mente... será que foi um sonho? O despertador toca e sua mente fica 100% ativa. O desafio dela agora era colocar o corpo para produzir anticorpos a fim de desfazer qualquer feitiço. Juliana tinha coisas demais para pensar, estava engajada em um novo negócio, além disso, estava no último ano da universidade. Não era a hora de se apaixonar. Carregava em seu currículo pessoal um casamento fracassado e alguns traumas. Antecipou-se em prever o futuro e já se imaginava dentro de uma novela das oito sem direito a final feliz. No começo tudo seria maravilhoso, mas depois ele a faria sofrer... foi instantâneo, criou a cena dentro da sua mente fértil: eles brigam feio, ele passa na cara dela suas fraquezas, ela chora... e por fim, ela escorrega atrás da porta com cara de Regina Duarte sofredora em novelas.

Por medo de provocar uma evolução no que estava sentindo resolveu dispensá-lo. Mas não era tão simples assim. Aquele homem já estava entranhado no seu travesseiro, dentro da sua gaveta, e por todos os lados.


Durante uma semana, todos os dias ficaram juntos, se falaram e transaram como se o mundo fosse acabar. Chega sexta feira de novo e eles combinam de se ver. Mas o inesperado acontece. Ele manda uma mensagem pro celular dela dizendo que estava cansado e teria que viajar no outro dia. Por coincidência, uma amiga que conhecia o tal mineiro, o vê em um barzinho com outra. Imediatamente ligou para a amiga que se descabelou quando ouviu a bomba.
Minutos depois, mais calma, saiu com as amigas. Afinal por que assumir uma personalidade de sofrenilda? Porque sentiu tanto se nem era o momento certo de se entregar à alguém? Juliana levanta, sacode a poeira e não pensa mais no que deu errado.


Da minissérie de uma e nem mais 1/2 semana de amor que aconteceu em sua vida real, ela fez um review e filtra só os bons momentos . Lembra de como ele a fazia se sentir gostosa. Pensar no lado positivo de ter conhecido um cara como ele era a melhor solução. Por que não? Não deu outra. Optou pelo botão del em vez do enter.


Juliana sabia que poderia exigir mais para sua vida e não seria um casinho qualquer que a faria sofrer. Encarou como uma boa ação, menos um na direção e mais um para dar uma agitada na sua vida sexual. Agiu como seu coração mandou e foi feliz. Lembrou das palavras de sua melhor amiga que tinha um discurso pronto para aumentar a autoestima de qualquer uma: "lembre-se da bóia," aconselhava. A analogia: em um momento de carência, as pessoas tendem a se apegar a qualquer coisa... "é como cair em alto mar e se apegar ao primeiro pedaço velho de bóia sem conseguir enxergar o Iate um pouco mais distante", dizia.

Juliana refletiu e comparou o episódio de 7 dias a um cursinho intensivo. Na semana seguinte o gato manda um e-mail dizendo que está com saudades e Juliana até pensa em se encontrar de novo. Ela acredita que sentir prazer solteira não é exclusividade dos homens (apesar de ter consciência que envolvimentos ou amizades coloridas, para ambos os gêneros, podem causar dependência química).

Passado o momento de carência ao cubo, ela ri sozinha, com cara de tacho olhando pro nada. Se vem iate ou não, Juliana acha que a prioridade é sua vida e não amar alguém. Sai andando pela casa, amando cada pedacinho de si mesma e conclui que um futuro se constrói de pequenos e intensos momentos. Seja com o homem de sua vida, ou com vários.