2 de out. de 2012

Guerra dos Sexos ou guerra contra as mulheres?




"A protagonista de Guerra dos Sexos é uma empresária feminista, exigente e muito moderninha. Charlô não suporta o machismo do primo, Otávio, e vive às turras com ele"  ( frase que encontrei por aí, Google afora sobre a novela...)


Tive coragem de assistir a novela Guerra dos Sexos ainda não... Festival de senso comum sobre os gêneros me irrita profundamente. O motivo? Reforça nossa cultura de desigualdade.

Bem que poderiam usar a novela pra propagar ideias bem humoradas e saudáveis acerca deste universo, né? bem que poderiam usar pra divulgar o verdadeiro feminismo, que não é superioridade, como insinua a frase ali em cima.

Mas o que as novelas fazem com os gêneros e afins?

Em Fina Estampa, uma personagem " do bem"  xingou outra mulher, " do mal", de "travesti". Como se ser travesti fosse feio, desumano ou ridículo demais. Um desrespeito. Um grande preconceito.

Agora, Jorge Fernando, autor de Macho Man ( morri de tentar achar graça, mas só achei babaquices e machismos naquele seriado) diz que o remake da novela vem com um diferencial: Diz ele que hoje em dia já temos igualdade. Por lei temos sim. Mas e culturalmente? A cada 40 minutos uma mulher é agredida. São 10 mortes por dia e a maioria dos assassinatos, são cometidos pelos parceiros. Vão abordar isso na novela, ou dizer que mulher mata tanto quanto homens? Nem todo machista é agressor, é verdade. Mas todo agressor é machista.

Não existe gene de violência nos homens. (é provado cientificamente que não) Existe uma cultura desigual. Mulheres ainda são objetificadas ( onde os homens são, Jorge Fernando, nos comerciais de cervejas para elas? Nossa, ainda não vi isso!) , machismo é naturalizado e até visto, por algumas mulheres machistas, como proteção. Machismo não é sinônimo do homem provedor e protetor. (Está fora de moda este tipo de marido, mas ainda existe e não necessariamente ele é machista).

Chamar um cara de machista é engraçado? Nas nova novela das sete sim. Mas machismo não é engraçado. Não é atributo dos homens charmosos, teimosos, super- protetores como as novelas insistem em dizer, mas sim dos conservadores perigosos que acham que não há nada pra mudar.

Da novela, só posso extrair de bom o que Irene Ravache( a protagonista Charlô disse):

Acho que ainda estamos mais para Gabriela (passada nos anos 20) do que para Guerra dos Sexos!", diz a atriz. 

Verdade, Irene. Não existe guerra dos sexos. Existe guerra contra as mulheres sexualmente livres. Contra a ideia feminista que propaga direitos iguais. Existe guerra contra o progresso e os novos tempos. Resistência que atravessa décadas.

Ignorância, a gente vê por aqui!