30 de mar. de 2013

Ativistas de sofá



Não é de hoje que vejo gente criticando os ativistas de sofá, na rede, então resolvi falar sobre isso novamente.



Não sinto culpa de ter sido bem nascida e ter estudado em bons colégios, ter tido uma infância boa e não ter passado dificuldade, enquanto era dependente de meus pais. 

Não sinto culpa em querer ter dinheiro, ou em concordar com o capitalismo ( sim, trabalho feito louca e meu sonho é ter uma banheira de hidromassagem e viajar o mundo, e daí? Parem de querer que feministas sejam perfeitas, que carregam o mundo nas costas.). Mas sentiria culpa se eu fingisse que não existe injustiça social e que nem todas as pessoas tem oportunidades. 

Sou privilegiada, mas não é por isso que quero que os outros se danem. Alguns chamam isso de hipocrisia, que chamem. Gostaria que todos pudessem ter um mínimo de dignidade e é por isso que sempre que posso, demonstro minha empatia em manifestações ( sejam elas do jeito que forem, até mesmo as virtuais) contra gente corrupta, anti-democracia, machista, racista, que só pensa nos privilégios de sua classe.

Aí vem gente e diz que "ativismo de sofá" não adianta nada. E o que adianta, ir pra rua com cartazes? (será mesmo? acho que quem gosta de criticar ativistas sempre vai arrumar motivo). Adianta ficar calada? Não usar as redes pra espalhar informação, pra promover reflexão, quebrar estereótipos tão prejudiciais, pra convocar as pessoas por um mundo mais justo?



Entendo perfeitamente quem não queira ser assim. Eu tb já tentei me isolar desse mundo de maldade, buscar mais paz interior, sem me incomodar tanto com as injustiças. Mas não deu certo, descobri que não adianta, que não sou essa pessoa, que me incomodo profundamente, que sofro quando vejo uma pessoa humilhada na rua ou em qq lugar. Ontem passei em frente ao Bradesco aqui de BC e tinha um mendigo com as pernas totalmente inchadas, feridas, deformadas. O que eu posso fazer por tantos como ele, eu não sei, eu só sei que sozinha eu não faço e só sei que me acomodar, não é a melhor ideia. 


Entendo quem não curte o ativismo de sofá, mas não entendo quem critica. Cada um tem seu jeito de buscar sua paz, eu me sinto melhor sendo eu, sendo livre pra falar o que quero, para alertar, cumprir minha missão nessa vida, pra tentar da minha maneira contribuir por um mundo mais justo. Faz parte de minha essência.  


Dizem que classe média sofre. Dependendo do ângulo pode ser verdadeiro: Eu sofro em ver as pessoas de braços cruzados, os jovens retrógrados, as pessoas  compartilhando mil idiotices preconceituosas, alienadas a uma cultura desigual. Para mudar isso, ativismo de sofá ajuda e muito. Cada vez mais estou convencida disso. Textos que fazem as mulheres refletirem sobre os padrões, seu papel na sociedade. Há alguns anos, eu não sabia nem o que era feminismo. Obrigada internet, obrigada ativistas! Sem vocês eu não seria feliz, consciente e livre como sou hoje. Sempre digo que se eu fizer uma pessoa refletir e se libertar também, já valeu a pena a luta.




Não se enganem: O planeta azul virtual tem poder. É inteligente usar as estradas virtuais. Não somos tão inexpressivos assim. Alguns ditados populares são clichês, mas tem lógica, aqui vai um que concordo:" De grão em grão, a galinha enche o papo".

Agora se você é um dos que criticam, vamos lá, me apresente soluções, me diga qual a sua forma de contribuir com um mundo melhor...