18 de mar. de 2010

Linda entrevista com homens feministas



Estava eu na comunidade feminista do orkut (ótima fonte de informações e debates, sobre o tema, e com alguns homens feministas, diga-se de passagem) quando me deparei com o tópico: HOMENS FEMINISTAS. Abri o tópico e achei uma entrevista com ativistas feministas HOMENS. Fiquei emocionada a cada frase lida. Muito linda a entrevista. É por esse e outros motivos que eu nunca vou desistir do feminismo e vou sempre acreditar que o mundo pode mudar. Eu ainda acredito no ser humano.

Segue entrevista do site ObaOba:

Eles lutam pelos diretos do sexo oposto e se assumem como feministas. O movimento possui diversos adeptos de variadas faixas etárias e atua em passeatas, ONGs, comunidades virtuais e em eventos que valorizam a cultura feminina.
Três rapazes foram entrevistados para contarem mais sobre esta atitude pouco comum. Confira as opiniões de Daniel Coutinho, Paulo Pedreira e Augusto Salla (foto) em um bate-papo descontraído.

!ObaOba - O que é ser homem feminista no Brasil?
Daniel - É pensar que homens e mulheres devem ter os mesmos direitos e obrigações e também lutar para que os dois sexos não sejam diferenciados em empregos, idéias ou culturalmente.


Paulo - Bom, só posso me considerar um homem feminista se estiver apoiando, lutando e contribuindo para a igualdade de direitos e oportunidades entre homens e mulheres. Acho que ser homem feminista é procurar modificar, dentro da sua realidade, as suas atitudes que dividem os sexos. É necessário repartir as responsabilidades para se comprometer com o bem comum. O mesmo serve para as mulheres - se os homens sofrem por não ter um direito, elas também devem ajudá-los, por exemplo na igualdade de direitos na guarda dos filhos.
Augusto - Para mim, é ser diferente, pois a maioria dos homens ainda acha que mulher está um degrau abaixo deles, que não tem competência nem peito para enfrentar os mesmos desafios. Acho que não apenas no Brasil, mas ser homem feminista é encarar elas de igual para igual, e saber que têm direito de errar - pois, se um cara erra tudo bem, mas se uma garota falha, a gente ainda escuta a piadinha:"tinha que ser mulher".
!ObaOba - O apoio ao feminismo já fez vocês sofrerem algum preconceito?

D - Sim! Minhas idéias a respeito de igualdade sempre geram caras estranhas, principalmente em meio à família do meu pai que é extremamente machista por ser evangélica.

P - Já, pois muitas vezes as pessoas pensam que o homem feminista é gay, ou está apenas tentando conquistar as mulheres com este argumento, por parecer que é mais sensível que os outros.

A - Não que eu lembre, até porque o feminismo é pouco discutido. Costumamos falar sempre sobre o racismo contra negros, desigualdade sócio-econômica entre classes, aborto, pena de morte, etc., mas é um erro esquecer da causa feminina nas nossas conversas diárias.
!ObaOba - O que acham da atuação feminina no meio musical atual? Gostam de alguma banda/cantora, qual e por quê?

D - Adoro Janis Joplin e Os Mutantes, principalmente pela sonoridade, mas também por terem passado por diversos obstáculos para chegarem no meio musical.
P - Bom, no Brasil, eu também adoro a Rita Lee, pelo o que ela representa como mulher dentro do rock. Sua luta contra os preconceitos, nos anos 60, fazendo da sua vida um caminho para sua auto-libertação é um exemplo. Minha banda feminina favorita é Luscious Jackson, porque elas são ao mesmo tempo roqueiras, modernas e despojadas.

A - No meio musical que a maior parte da população consome, a mulher apenas é objeto sexual que existe para sustentar o prazer masculino. E o pior é que as cantoras que mais aparecem são exatamente as que não apenas aceitam, mas como assumem esse papel, vide Jennifer Lopez, Christina Aguilera, Britney Spears e, no Brasil, a Tati Quebra-Barraco, que apesar de não ser um padrão de beleza canta letras que revelam uma tendência para ser a "cachorra" do homem. É claro que existem ótimas produções musicais femininas, porém são menos conhecidas.


!ObaOba - Quais os maiores obstáculos atuais para a mulher atingir a igualdade plena em relação aos homens?

D - A família brasileira é muito tradicional e por isso tem a mulher como doméstica e esposa somente. As igrejas, tanto católica quanto evangélica, também incentivam esse tipo de comportamento, já que pregam que a mulher deve "amar e obedecer o marido". Mas creio que isso está esvaecendo, e será raridade nas próximas gerações.

P - Igualdade de salários e maior ajuda nas tarefas de casa. Sem falar de maior acesso a melhores posições em empregos. Outro desafio, é que muitas moças não querem os ideais feministas pois acreditam que isso é masculinizar-se (ser lésbica). Creio que o feminismo precisa mostrar a elas que ninguém quer definir como devem ser. Mas o que mais me assusta é como os meninos tratam as mulheres como objeto sexual e como elas são extremamente sexualizadas hoje, por exemplo se auto-intitulando de cachorras.

A - Em primeiro lugar, há uma descrença geral do povo em relação ao movimento feminista e, além disso, uma falta de consciência de sua importância para a sociedade. Então devemos organizar nossos objetivos e ir em busca deles, mas sem extremismos. Deve-se ter consciência que o que se busca é o diálogo para uma igualdade entre homens/mulheres, e não correr atrás de uma superioridade em relação ao sexo masculino, pois isto tornaria o movimento exatamente igual ao machismo,que é mascarado pela a falta de educação, que acaba por perpetuar mitos de superioridade.