16 de mai. de 2013

Mas é só uma brincadeira...

Quem nunca ouviu o clássico: "Mas é só uma piada", ou "é só uma brincadeira?" Pois é, mas por que é engraçado? Porque dá vontade de rir expor uma mulher a algum tipo de humilhação? Por que crescemos achando a misoginia natural e normal. O ódio a mulher é proporcional ao desejo de objetificá-la. Muita gente não sabe ainda, mas odeia sim, as que não têm um " comportamento adequado" ou que não seguem os padrões e regras sociais impostas a elas. As desculpas são variadas, até ciência e biologia entra no meio. A crença que mulheres nasceram para ser assim e homens assado, é tão grande que poucos percebem que é a sociedade é quem molda e não nosso DNA.

Há algo de errado na nossa cultura. Os homens aprendem a cultuar e desejar, mas também aprendem que a mulher que se comporta ou se veste de tal forma, de modo que na cabeça deles " facilite" a ideia de que ela quer " dar" ou gosta de sexo, como no caso de panicats que trabalham mostrando seus corpos, são vadias e todo castigo é pouco para elas. Vamos rir, vamos meter a mão na saia delas. Elas não se dão o respeito. Um dia vi um comentário em uma foto de uma dessas moças, no Facebook: "para se divertir serve, para casar não rsrs". Não, eu não me confundi, não foi direto do caderno das moças dos anos 50, foi em pleno século XXI, em plena era da internet, 2013.

 É uma ideia que tem origem nas religiões ( a mulher nasceu para procriar e ser responsável pelo lar) e que aprendemos na mídia o tempo todo. Os comerciais de produtos de limpeza, eletrodomésticos, cervejas, carros e e vários outros, reforçam onde é nosso papel na sociedade. Hoje em dia a coisa está mais "moderna", puta na cama, se for com o marido vale, afinal é uma forma de servi-los. Ah, mas tem que se guardar e esperar a hora certa de " dar", senão, minha amiga, eles " fogem". Esse seu fogo no começo, pode ser perigoso. Pode demonstrar que você não foi uma moça programada para casar.

Os humoristas como Rafinha Bastos, dizem que mulher feia tem que agradecer por ser estuprada e nós, temos que achar graça disso tudo. Se não achamos, somos chatas, mal-comidas, da patrulha insuportável do politicamente incorreto ( Jô Soares uma vez disse que é uma praga, esse tal desse politicamente correto). Vários rótulos padronizados já existem para quem não consegue rir das piadas mais quentes do mercado humorístico.

Será mesmo que as pessoas que percebem todas essas convenções são as mal-resolvidas? As " mal-comidas"? Ou será que uma mulher livre que usa a roupa que quer, que não é submissa, que não vê graça nos Rafinhas Bastos da vida, são as que mais se amam, as mais felizes, as que mais riem com bobagens e as que mais gozam? Fico com a segunda opção e recomendo, cara amiga.

Desculpa, masculinistas, se minha felicidade, minha roupa curtinha, minha vontade de dançar como eu quiser, de ter tantos parceiros quanto eu quiser e meu gozo os incomodam.