20 de mar. de 2010

Ainda vivemos nessa época



A vida atrás dos véus

O que mais me impressiona dentro das ditaduras é a forma como elas ganham adeptos. Comparo a situação das mulheres mulçumanas no mundo com a escravidão. Antes da abolição, nasceu negro, você não era gente. Mas a humanidade conseguiu mudar essa situação absurda, apesar deles ainda serem alvo de um preconceito tão idiota a ponto de ter gente que acredita até que suor de negro "fede mais". Uma amiga minha disse que era comprovado cientifícamente. Até parece que branco sem desodorante não fede, ahh tá bom!!!Mesmo que existisse lógica nessa pesquisa, para quê ela seria feita? Acho muito engraçada essas distinções que o povo cria para inferiorizar uma raça. O mesmo acontece com as mulheres. Elas são diferentes, elas são mais assim, mais assado, elas foram feitas da costela de Adão na religião Católica ou feitas para se esconderem atrás de um véu de acordo com o Islamismo. Ambas pregam a submissão. Que verdade pode ser justa quando é baseada na injustiça? Que Deus pode ser bom quando privilegia uma cor, sexo ou crença? Antes de odiar o preconceito, eu odeio qualquer tipo de ditadura e qualquer tipo de pesquisa científica inútil. Será que as pessoas nunca vão entender que o mundo é maravilhoso mas quem estraga ele é a espécie humana? Seja com seu descaso e desrespeito à natureza, às diversidades de raças ou com culturas estapafúrdias como escravizar um negro ou uma mulher? Me envergonho das mulheres submissas do mundo, porém, entendo-as. Imagina você mulher ser criada vendo sua mãe usar véu sendo ensinada que sexo é sujo, que sentir prazer é feio, que se valorizar é não ter vontade própria, que correto é servir ao marido e tudo isso porquê acreditã-se que é vontade de Deus, Alá , Maomé ou sei lá mais quem. Como agir diferente e ser execrada pela sociedade? Além disso, se se é vontade de Deus e você quer ser do "bem", não pode pensar diferente. As que tentaram lutar contra essa "escravidão feminina" se deram mal. São torturadas e mortas como quem comete um crime.

 Tem muita mulher que acha que ser a favor da proibição da mutilação do órgão sexual feminino resolve. Mas você sabe que o problema maior não é esse? Ser proíbido ou não tanto faz. O que tem que mudar é a ideia cultural. De que adianta proibir se muita mulher muçulmana sente vergonha de uma filha que tem seu clitoris inteirinho dotado de sentir prazer, por isso,  desvalorizada completamente pela sociedade? Do que adianta se elas sabem que a prática mata muitas crianças por causar hemorragia, mas mesmo assim elas prferem pagar o preço de tê-las mortas do que com o órgão inteiro? Do que adianta proibir a burca se elas sentem vergonha de serem mulheres e preferem se esconder atrás do véu? Sinceramente, se fosse pra escolher, eu preferia nascer negra na época da escravidão do que nascer hoje no mundo Islã.

Como esse blog tem o intuito de ser didático e eu penso que toda adolescente ou mulher deveria ser mais  informada sobre o machismo no mundo. Eu tô sempre aqui, usando a internet imaginando que alguém possa ler e repensar a condição de ser mulher. As brasileiras são em sua maioria super alienadas e por mais que não chegue ao radicalismo extremo das mulheres no Oriente Médio, ainda morrem por causa de crimes passionais causados por maridos machistas. Ainda estimulam o pensamento de "posse", ou alguém esquece que aqui mesmo no nosso país, até pouco tempo atrás a mulher era considerada PROPRIEDADE do marido POR LEI? Para mim impera a mesma linha de pensamento que eu expus no parágrafo acima, a lei mudou, mas e a cultura? E a devoção à religião Católica que também prega o machismo dentre outras coisas? E não é só isso, no Brasil as pesquisas apontam (conforme falei em um post anterior) que elas ainda são muito mais exploradas pela TRIPLA jornada que os homens.  Eu trouxe aqui um texto publicado na revista Veja no ano 2000. Hoje dez anos depois, NADA mudou. Minha pergunta ao mundo e a sociedade é: quando acontecerá a abolição da escravatura feminina???

Liah Carvalho

SEGUE TEXTO:

"O mais enérgico movimento social a emergir no Irã desde 1979 foi o das mulheres. Apesar de obrigadas a esconder os cabelos com lenços pretos, as iranianas conquistaram posições importantes no governo, na universidade e na imprensa. Não é uma situação comum no mundo islâmico, sobretudo nos países árabes. Ao contrário, as mulheres são privadas de direitos básicos na maioria deles e não há notícia de nenhuma organização pelos direitos femininos que tenha sobrevivido por muito tempo. Na Arábia Saudita, elas não podem dirigir automóvel ou sentar-se sozinhas num restaurante. Em vários países, entre eles o Irã, seu testemunho na Justiça vale metade do de um homem. O Egito, que no início do século XX aboliu o uso do véu e nos anos 50 adotou o voto feminino, não permite que a mãe passe a nacionalidade egípcia ao filho. Há hoje 80 000 apátridas no país, todos filhos fora do casamento ou de pai desconhecido. Na década passada, o Estado baniu a mutilação genital, mas o hábito – cujo objetivo é privar a mulher do prazer sexual – continua amplamente difundido. Recentemente, para não contrariar a oposição islâmica, o governo retirou um projeto de lei que permitiria às mulheres viajar para o exterior sem autorização escrita do marido.


A situação de inferioridade da mulher no Islã decorre, sobretudo, dos costumes patriarcais, mas a religião desempenha seu papel. Inspirada nos preceitos do Corão, a lei concede ao marido o direito de repudiar a esposa, sem que ela possa contestar ou pedir pensão. Na situação inversa, o divórcio exige da mulher longas batalhas judiciais. Em muitas nações, a mãe divorciada só pode criar as filhas até os 12 anos e os filhos até os 10. Daí em diante são entregues ao pai. Em vários países, a viúva não tem direito à herança do marido, repartida apenas entre a prole masculina. O próprio rei da Jordânia está empenhado numa campanha contra os chamados "crimes de honra". São pais ou irmãos que matam a filha ou irmã solteira suspeita de conduta sexual imprópria e raramente são punidos. A polícia jordaniana coloca as jovens ameaçadas atrás das grades para evitar que sejam assassinadas pela própria família. Em todos os países árabes em que há estatísticas disponíveis, a presença das mulheres no mercado de trabalho dobrou nos últimos vinte anos. Em vários existem mais mulheres que homens nas universidades. Ainda assim, elas continuam inferiores perante a lei e sem presença na política. A milícia fundamentalista Taliban, dona da maior parte do território do Afeganistão, foi mais longe. Proibiu as mulheres de trabalhar fora de casa, obrigou-as a cobrir todo o corpo – inclusive os olhos – com vestidões que escondem as formas femininas. Um tornozelo à mostra em local público pode ser punido com chibatada. Uma suspeita de adultério é morte certa, a pedrada. "