5 de mai. de 2010

O imperador Adriano adquire documento de propriedade de uma mulher.



Copiei aqui um trecho sobre o namoro do jogador Adriano e Joana Machado, para vocês sentirem a "naturalidade" do machismo na mídia:

"O namoro dos dois pega fogo. A última do casal é que a modelo anda se queixando para amigos que Adriano quase não a deixa sair de casa, que está há três meses sem ir à academia, que sente falta de malhar e até mesmo ir a praia. O motivo de tanto cuidado do Imperador seria, é claro, o ciúme. Por causa de tanto esmero, até rolam umas briguinhas, mas nada abale o casamento dos dois".

Cuidado, esmero??? Annn??? O jornalista que escreveu isso, acredita mesmo que isso é apenas um cuidado? E pior, tem mulher que acha o máximo esse "ciúme". Ai ai ai ai ai...

Quando eu digo que a mídia naturaliza o machismo, poucos botam fé. Esses dias meu pai disse que as mulheres são as que menos se importam com o machismo e que o feminismo é utopia. Eu pretendo morrer lutando. Porquê achar natural que o repórter escreva praticamente que o imperador "só teve cuidados em excesso" com a amada é fingir que não vê que o mundo trata a mulher como objeto. Se machismo fosse crime, ele não teria direito a interferir no direito de ir e vir da moça. Que qué isso, meu povo!

Homem lá tem que "deixar" uma mulher frequentar academia, praia ou sei lá o quê? O contrário também é absurdo. Mulher também não pode controlar a vida de um homem a ponto de mandar nele e dizer que tipos de lugares ele pode ir ou não. Mas se fosse ela mandando, seria muito mais fácil de todo mundo achar absurdo... aliás já ouvi muitos comentariozinhos recriminando homens do tipo "fulana manda no marido, ele é dominado". Claro, o "normal" é a mulher ser dominada e o "normal" é o cara ter praticamente um atestado de propriedade de uma mulher, não?

 Há uns dias eu ouvi em rodinhas de amigos críticas a um homem que cria mais o bebê do que a mãe. Alegam que é muito errado, pois ele faz muito mais coisa que ela, é ele quem tá sempre fazendo mamadeira, atrás do bebê, cuidando. Sou a favor da divisão de tarefas, mas tenho certeza que o que causa estranheza para essas pessoas é o fato de não ser ao contrário. Se fosse ela que fizesse tudo, chamaria atenção? Não!!! Seria "normal!" Claro que seria normal, não vê aquele comercial ali debaixo? E assim vamos vivendo na "normalidade..."