7 de set. de 2007

1 e nem mais 1/2 semana de amor (Crônica 4)


Uma e nem mais 1/2 semana de amor


Juliana, 32 anos, é uma mulher independente, cheia de humor, acostumada a não levar a sério homens sarados e simpáticos que beija nas nights da vida. Mas um belo dia cai numa armadilha: em sua vida estava tudo indo bem quando numa despretensiosa balada de sexta feira, encontra um bêbado no bar. Com o coração estranhamente balançado, o encanto é imediato. É final de noite e ela resolve ajudá-lo. Sem saber porquê, não consegue ficar longe daquele homem e oferece carona de volta pra casa. 

São 5 horas da manhã, Juliana estaciona em frente ao hotel que ele está hospedado e por insistência dele, sobe até seu quarto. Cuidadosamente ela o deita na cama, tira seus sapatos. Enquanto ele só pensa em transar, ela o vê com afeto. Sem resistir já estava lá envolvida nos braços daquele homem que mal conhece. A química do álcool + os corpos resultam em um composto desconhecido pela ciência. Amanhece, vai embora de mansinho e deixa o número do seu telefone. No outro dia, o bêbado liga “bom” e sua voz parece uma melodia... aquele alô nao era um simples alô... tinha a música romântica do filme Titanic no fundo. Aquele telefonema era o começo de uma noite cheia de expectativas.

Eduardo aparece...gostoso, cheiroso, bem vestido. Nem parecia aquela figura que ela deixou no hotel. Agora sim, ela sabe quem é o sujeito. Mineiro, 29 anos, capoeirista por paixão e engenheiro agrônomo por profissão. Por obra do destino e transferência da empresa, estava agora ali, na mesma cidade de Juliana. Os dois seguem até a casa dela. Após horas de papo sem um beijo sequer, o fogo toma conta...eles se beijam e logo seguem pro quarto.

De madrugada, o ex-bêbado e agora praticamente homem de sua vida se despede com carinho e olha dentro dos seus olhos com a intenção de deixá-la arriada os 4 pneus. Pela manhã, ainda no estado entre a vida e o sono, embaraça tudo na mente... será que foi um sonho? O despertador toca e sua mente fica 100% ativa. O desafio dela agora era colocar o corpo para produzir anticorpos a fim de desfazer qualquer feitiço. Juliana tinha coisas demais para pensar, estava engajada em um novo negócio, além disso, estava no último ano da universidade. Não era a hora de se apaixonar. Carregava em seu currículo pessoal um casamento fracassado e alguns traumas. Antecipou-se em prever o futuro e já se imaginava dentro de uma novela das oito sem direito a final feliz. No começo tudo seria maravilhoso, mas depois ele a faria sofrer... foi instantâneo, criou a cena dentro da sua mente fértil: eles brigam feio, ele passa na cara dela suas fraquezas, ela chora... e por fim, ela escorrega atrás da porta com cara de Regina Duarte sofredora em novelas.

Por medo de provocar uma evolução no que estava sentindo resolveu dispensá-lo. Mas não era tão simples assim. Aquele homem já estava entranhado no seu travesseiro, dentro da sua gaveta, e por todos os lados.


Durante uma semana, todos os dias ficaram juntos, se falaram e transaram como se o mundo fosse acabar. Chega sexta feira de novo e eles combinam de se ver. Mas o inesperado acontece. Ele manda uma mensagem pro celular dela dizendo que estava cansado e teria que viajar no outro dia. Por coincidência, uma amiga que conhecia o tal mineiro, o vê em um barzinho com outra. Imediatamente ligou para a amiga que se descabelou quando ouviu a bomba.
Minutos depois, mais calma, saiu com as amigas. Afinal por que assumir uma personalidade de sofrenilda? Porque sentiu tanto se nem era o momento certo de se entregar à alguém? Juliana levanta, sacode a poeira e não pensa mais no que deu errado.


Da minissérie de uma e nem mais 1/2 semana de amor que aconteceu em sua vida real, ela fez um review e filtra só os bons momentos . Lembra de como ele a fazia se sentir gostosa. Pensar no lado positivo de ter conhecido um cara como ele era a melhor solução. Por que não? Não deu outra. Optou pelo botão del em vez do enter.


Juliana sabia que poderia exigir mais para sua vida e não seria um casinho qualquer que a faria sofrer. Encarou como uma boa ação, menos um na direção e mais um para dar uma agitada na sua vida sexual. Agiu como seu coração mandou e foi feliz. Lembrou das palavras de sua melhor amiga que tinha um discurso pronto para aumentar a autoestima de qualquer uma: "lembre-se da bóia," aconselhava. A analogia: em um momento de carência, as pessoas tendem a se apegar a qualquer coisa... "é como cair em alto mar e se apegar ao primeiro pedaço velho de bóia sem conseguir enxergar o Iate um pouco mais distante", dizia.

Juliana refletiu e comparou o episódio de 7 dias a um cursinho intensivo. Na semana seguinte o gato manda um e-mail dizendo que está com saudades e Juliana até pensa em se encontrar de novo. Ela acredita que sentir prazer solteira não é exclusividade dos homens (apesar de ter consciência que envolvimentos ou amizades coloridas, para ambos os gêneros, podem causar dependência química).

Passado o momento de carência ao cubo, ela ri sozinha, com cara de tacho olhando pro nada. Se vem iate ou não, Juliana acha que a prioridade é sua vida e não amar alguém. Sai andando pela casa, amando cada pedacinho de si mesma e conclui que um futuro se constrói de pequenos e intensos momentos. Seja com o homem de sua vida, ou com vários.

6 de jun. de 2007

A faxina de Marina


A faxina de Marina


Marina, solteira, administradora de empresas bem sucedida, jurava que era uma mulher muito diferenciada. Mas Marina não estava sozinha. Como ela,  era maioria das solteiras que morava em sua cidade. Achou engraçado quando em um programa de comédia duas amigas dialogam e uma delas está desesperada em busca de um homem. –“ai, amiga, faz as contas: tenho 31, daqui que eu arrume um namorado,32, noivar, 33, casar... quando vou ter filhos?” Marina ria, mas estava tão aflita quanto ela. E agora? 

O que fazer para despontar na frente nesse "mercado tão concorrido"? Ela pensava que um diferencial era ser inteligente, loira, malhada, bem vestida, moça de família e que nunca transaria no primeiro encontro. Ledo engano! A noite, nas "vitrines" onde os solteiros promovem suas imagens, seu perfil era padrão.

Era uma noite de sábado fria, Marina se cobre de roupas caras, perfume importado e vai pra night. Linda, leve e presa à conceitos. Pensa que portar elegância é cobrir-se de grife. Ainda não descobriu que não se amar é um mal que pode afetar até quem veste Prada. Depois de estacionar, a moça desce pensando na conversa que teve com uma colega de trabalho na hora do almoço. A amiga dizia que o Fantástico exibiu uma matéria sobre as diferenças dos sexos. Segundo ela, no mundo animal, as fêmeas sentiam menos desejo sexual que os homens. “faz sentido, pois os homens têm mais facilidade em sentir prazer, trair e transar sem se envolver emocionalmente”, dizia a amiga. Marina nem questionou. Quem era ela para discordar? Uma mulher que seguia à risca tudo que aprendeu e agia de acordo com o manual social.


Entra no barzinho com sua amiga e a noite começa. Bate o olho em um loirão alto. É correspondida. Após meia hora de conversa, rolou o beijo. Marcelo, advogado demonstra interesse total. Os dois compartilham várias coincidências. Já tiveram missões de trabalho na África, nasceram no mesmo ano e pra fechar com chave de ouro, não é que Marcelo mora em um prédio que tem o mesmo nome da chácara do pai dela? Ela acha incrível e logo fantasia a família de comercial de margarina. 

Final de noite. Ele propõe ir para seu apê. Ela não aceita e tem medo da tentação de que a sós suba um fogo que seja maior que seus "valores". Estava decidido, continuar aquela noite era uma possibilidade inexistente. Marina, moça fina, jamais queimaria seu filme. 

Ao deixar sua amiga em casa, ouve um velho conselho: "amiga, não liga, deixa ele te ligar". Marina volta pra casa sonhando em apresentar ele para as pessoas e pensa se seu pai iria gostar dele. Enquanto isso, na sala de justiça, Marcelo faz um sanduba e pensa em uma boa estratégia para levá-la para cama. É domingo e Marina vai almoçar com seus pais. Depois, passa o dia alternando entre assistir programas dominicais do tipo que não acrescentam nada em sua vida e lendo revistas. Anoitece e seu novo affair não ligou e não mandou sequer um torpedo.

Segunda feira Marina sai pra trabalhar, mal humorada e sempre jogando a culpa da sua infelicidade na solidão. Chega o fim de semana. Não está afim de balada e dorme cansada. Sábado aproveita para arrumar suas gavetas e tirar tudo que não usa mais. Depois de jogar fora uma tonelada de tralha, sente-se aliviada. Não satisfeita com as mudanças do quarto, ela vai até a sala e muda todos os móveis de lugar. Por puro preconceito, sempre achou que o sofá não ficaria bem em outra parede. Agora sua casa estava renovada, numa tentativa de refletir uma mudança interna. A noite chegou, mas ela nem cogitou sair. Iria curtir seu cantinho e organizar seus pensamentos. Esvaziou a casa e a mente. Fez uma receita gostosa. Passa a amar sua própria companhia.

Está sob a coberta e a madrugada chega. Sem sono, Marina começa a pensar que tudo que fazia sentido antes começa a não fazer tanto agora. Tinha o hábito de gastar a metade de seu salário com roupas caríssimas. A quem queria impressionar? Ostentava tanta marca que parecia um outdoor ambulante. Ela fez um cálculo e viu que com o que gastava por mês com pedaços de panos para se cobrir era um valor significativo. Olhou para o armário e transformou suas futuras roupas em mensalidades para uma pós graduação em marketing, um desejo antigo.

Trabalhou seu cérebro para sair de um patamar supérfluo. Ela era do tipo que entrava nas lojas e impressionava as vendedoras com seu poder de compra. Gostava do status de sair com mil sacolas na mão. Quanto mais refletia, mais achava essas cenas menos importantes que os valores que começavam a nascer agora. 

Domingo, com a cabeça e o corpo tranquilos, liga pro último gato e o convida para sair. Para sua surpresa, ele aceita. "Porque não fiz isso antes?" pensa. Marina logo bola as técnicas para agradar e segurar o boy. Ensaiou o que falar. Os dois chegam ao restaurante, sentam e conversam numa boa. Marina estava com o espírito leve, a faxina de sua casa a fez jogar fora alguns fluidos negativos junto das tranqueiras. Após o almoço que foi acompanhado de um papo agradável, eles entram no carro. Quando se viu já estava num motel. Resolveu esquecer os conselhos das amigas e chutou o balde. Entrou em transe. Nem lembrava do mundo exterior e se entregou. Jogou fora as regras impregnadas dentro dela e aflorou seus instintos. Atingiu o clímax e sorriu. Pegou uma cerveja no frigobar, acendeu um cigarro e foi pra janela, toda trabalhada no sexy sendo vulgar. Em sua frente havia um homem educado e simpático. Marcelo a deixa em casa sem promessas. Ao se despedir estava com cara de quem comeu e gostou.

Marina vai pra casa e fica impressionada como conseguiu viver apenas o presente com tanto desapego ao futuro. Se ele ia ligar? se era o genro que queria apresentar para seu pai? Se as coincidências eram realmente coisas do destino? Depois da faxina, pensava diferente. Agora quem estava fazendo o sanduíche e prensando na próxima estratégia para transar descompromissada era ela. Oras, mas como estava tão despreocupada e foi tão rápido sentir tudo aquilo na cama se as mulheres precisavam de muito envolvimento emocional segundo aprendeu ao longo da vida? 

Estava intrigada porque o que sentiu, desafiou o sábio "conhecimento científico" que a amiga comentou saber sobre as fêmeas e a tal reportagem do Fantástico. Marina deixou tudo pra lá e entrou numa de se preocupar com o seu equilíbrio. Mais uma semana começa. Em plena segunda feira acorda bem humorada, canta no chuveiro, dá risadas a tôa. Para o amanhã só tinha um plano: solteira ou não, ser simplesmente feliz. 

4 de jun. de 2007

Dilema na casa dos 30


Dilema na casa dos 30


Karen fez aniversário e não se conforma que agora é uma mulher na casa dos 30. Depois da festa quase sem graça que promoveu em seu apartamento, e das risadas quase falsas que os amigos conseguiram arrancar de seu rosto, foi dormir. Caiu exausta na cama e também num poço de lembranças e nostalgia.
Lembra-se que a década passada foi ontem. Seus olhos estão fechados e o pensamento que insiste em tomar conta das conexões entre seus neurônios, formam pontes que a cada segundo levam a um torturante mesmo assunto. Sua mente, praticamente, entrou numa espécie de regressão. Vem à tona cada amor vivido, cada erro cometido.

O mais difícil neste momento, é perceber que o tempo passa, mas sua ignorante sensibilidade parece estagnada, esquece de progredir e se comporta como se descobrisse o primeiro amor a cada nova paixão que aparece em sua vida. A preocupação que assola seu interior é que seu coração não evolui conforme sua idade. Karen queria combater aquele sentimento que ela achava ridículo, mas tem consciência, aos 30 anos nada mudou! Ela jurava que essa era a idade limite para passar por isso. Até então, ela continuava em busca de um príncipe e estava completamente apaixonada.

Sente-se uma pessoa que é amor puro. É capaz de sofrer até com a melodia breguérrima sertaneja. Começa a se achar a vítima do mundo! Que triste a sua sina de chegar aos trinta sem saber se vai ter a metade da laranja tão famosa... Sua cabeça meio tonta, conseqüência de um certo exagero na vodca, fica confusa e triste por ter criado tanta expectativa de encontrar seu “pseudo-namorado” que não deu às caras em sua festa de aniversário. Nem um telefonema sequer. Ela sabia que ele não era capaz nem de mandar uma mensagem, mas adorava imaginar que tudo poderia ser diferente

As idéias mais estúpidas passavam pela sua cabeça, quanto gastou no salão fazendo aquela escova progressiva e seu amado nem se interessou em conferir como ela estava linda e radiante naquele dia tão especial. Inteligente, sabia que pensar aquilo era o cúmulo da futilidade. Muitas coisas a aproximavam de tentar descobrir realmente o que é esse estranha droga chamada paixão. A
final o que é esse sentimento que afeta Karen e mais o público feminino inteiro da torcida do Flamengo de um shopping em liquidação? Quando ela está nos braços do bofe chega a ter momentos de êxtase (algo inenarrável, muito maior do que o prazer de ver no telejornal um dia que a ciência descobriu a fórmula do chocolate que não engorda). Mas os encontros são casuais. Quando ela acorda, é sempre igual, o feitiço acaba, ele vai embora sem previsão de estar ali de novo. Talvez na próxima balada ele esteja livre, talvez não. Em dia friozinho, então, ela torcia desesperadamente pra ele aparecer no visor do seu celular, na sua rua ou na sua frente.

Por mais que se esforçasse, não entendia muito bem a frase “Que seja eterno enquanto dure” de Vinícius de Moraes. O que ela achava que era totalmente recíproco, para ele, durava apenas algumas horinhas, ou mesmo minutos, ou quem sabe, segundos... ou melhor, o equivalente à uma ejaculação. Era tudo muito contraditório! Àquela maravilhosa noite de amor com direito a juras e promessas, perdia a validade como um salpicão fora da geladeira.

Karen percebe que não poder compartilhar mais vezes de seu homem é sua maior aflição. Ficava indignada por isso. Precisar de um exemplar da raça masculina não podia ser um principal fator para desencadear sua depressão. Pôs-se a imaginar uma forma de se livrar daqueles loucos pensamentos. O que fazer para recuperar sua total sanidade mental? 
Levanta e vai pra frente do computador mandar um e-mail desaforado para o causador de sua insônia. Imagina que desabafar seria o ideal. Mal puxa a cadeira e logo desiste pois dá de cara com sua verdadeira e cruel realidade: ele nem respondeu o último enviado. Aliás, ele nunca respondeu nem uma mensagenzinha do Facebook. Sentada a beira da cama sob sua própria companhia, o abajour ilumina suas ilusões.

Começa a tentar pensar de outra forma, tem raiva de si mesma e Sente-se culpada por ter ido longe demais no seu imaginário. Aquele homem dava pistas de que não queria nada sério fazia tempo. O fato é que ela mentia pra as amigas e pra si mesma quando contava seu caso de amor. No fundo era só tesão. Ela apimentava suas lembranças. Sentia que se enquadrava mais no universo feminino quando agia assim. Foi esse o motivo que a fez se apaixonar. Estava mesmo era doente, o diagnóstico era algo como: paixonite- aguda-cultural- sem razão.

Confortava-se lembrando das sábias palavras de seu pai que dizia: “Os problemas são muito maiores quando imaginamos do que quando passamos por eles” Então apagou a luz e foi dormir com os fantasmas que não paravam de lhe assombrar. Tudo foi gradativo. Aos poucos a tortura começou a ir embora. Depois do chororô abafado, sentiu uma paz que a invadia. Tentava trabalhar sua mente de que é importante sonhar, sim, mas não se entregar a um sentimento que deseja ser dono do seu corpo.

De manhã tomou vergonha na cara e viu que uma mulher segura, não se deixa abater por nenhum motivo. Finalmente se tocou que o coração poderia não evoluir, mas a mente sim. Aos 30, uma mulher já tem vários carnavais e não seria uma paixão inventada que a derrubaria. Essa era uma das grandes vantagens das 30 velas no seu bolo. Tomou um longo banho, se olhou no espelho e viu uma pessoa diferente. Conseguia enxergar não só sua aparência. O espelho tinha o dom de fazer um raio X : ali aparecia uma mulher nua, sem maquiagem. Pronta pra vida como ela é, sem disfarces.

Estava meio paranóica. Devorou livros de autoestima e buscou no Google sobre o que acontece com o cérebro apaixonado. Tirou suas próprias conclusões: Estar cegamente apaixonada, é entrar em um estado hipnótico profundo, é uma obsessão, nada saudável, nada real. Estava desmistificado o mito... O que essa mulher sentia era a dificuldade de encontrar o amor em si mesma.

Um ano se passou e lá estava Karen abrindo as portas de seu apê para seus amigos festejarem seu aniversário de 31 anos. Era uma nova mulher. Sua risada era verdadeira e seus amigos tinham papos agradabilíssimos que lhe rendiam gargalhadas desprendidas e sinceras. Karen estava solteiríssima. No máximo, pegava uns “freelancer” da vida. Decidida e amando sua sensualidade de mulher de trinta.

O despertar da fera adormecida


O despertar da fera adormecida


Alice vive em sociedade e se comporta de acordo com as convenções. Por isso, quando aquele casamento que já dava sinais de fracasso há bastante tempo se desmoronou, faltou o chão. Seu mundo caiu. Lá se foram 5 anos de seus quarenta. Só a terapeuta poderia ajudar, sua melhor amiga iria lhe dar aqueles conselhos batidos e ultrapassados. Ela abraçou a nova vida como quem abraça um oceano de oportunidades.

Se agarrou numa vantagem grande mas que no momento de tristeza parecia pequena. Agora, apesar da solidão, não sentiria mais a angústia da espera e a dor de cabeça quando seu marido saía para beber com os amigos. Ela, na condição de mulher, sempre sofria mais e perdoava mais os erros do seu homem que era o rei do deslize.

Lá estava ela folheando revista de celebridade no consultório quando sua mãe liga preocupada para saber como anda seu coração atormentado. Sua mãe era contra a separação, pois pensava em seu bem estar, em como seria a vida de sua filha, agora divorciada e mãe de dois filhos pequenos. Alice não hesitou em responder que estava bem para não deixá-la preocupada. Mas no fundo temia o novo mundo. Sua maior fraqueza era saber que até gostaria de ter muito mais homens , viajar e baladear. A questão que mais a assombrava volta e meia seria a mesma. Como as pessoas julgam as outras. Ela achava que uma mulher tem que se comportar porque apesar de toda ascenção da espécie, as pessoas cobram um comportamento que ainda não evoluiu muito. A análise não rendeu muito, ela até que achou legal, mas achou mais legal ainda chegar em casa ter o espaço só pra ela, fazer uma comida gostosa e se enrolar no edredon para assistir Jô Soares. Sem marido chato para atazanar e querer assistir jogo. A entrevista era com uma sexóloga, e caiu como uma luva. A especialista dizia que a mulher gostava tanto de sexo quanto o homem e que a questão cultural era que a fazia, muitas vezes, pensar diferente.

Alice pensou, pensou e acabou juntando as palavras daquela mulher tão decidida falando tão naturalmente sobre sexo, com a sua conversa na terapeuta. Primeiro a psicóloga disse-lhe que a felicidade não está depositada nos outros e sim em si mesma. Alice achou aquilo contra tudo que aprendeu. Era uma mulher moderna, mas os ensinamentos de sua mãe e de sua vó ainda estavam na sua cabeça. E ela, apaixonada pelo marido fazia dele sua fonte de felicidade e esperava o dia que ele fosse mudar e ser um bom marido. Só agora percebia uma nova pessoa brotando de dentro do seu corpo. Enquanto isso a sexóloga defendia que uma mulher pode e deve ter prazer. Para isso, precisava se permitir.

Ali nascia uma nova mulher. Despertou para a vida e decidiu ser linda, independente, inteligente e não esperar mais nada de ninguém. Não que condenasse o casamento e achasse que sexo resolvia tudo, mas havia uma nova estrutura cerebral, uma nova ordem mundial interna. Começou a agitar a sua vida. Conheceu novos homens que nem eram da sua vida, mas que lhe deram momentos agradáveis. Conheceu dissabores também como a solidão, mas muitas vezes sentia que ainda era menor do que já sentiu mesmo estando casada. Experimentou novas amizades, fez novos planos.

Agora, anda dando desculpas a terapeuta e está faltando dia sim e outro também. Prefere com o dinheirão que gastava com ela, fazer uma poupança pra viajar com as amigas. Depois de três décadas de vida, estava resgatando desejos do fundo da alma e pensando como ela queria e não como os outros. 


Depois que descobriu a fera que havia dentro de si, e que a fonte de sua felicidade só estava adormecida e foi reativada, melhorou seu desempenho profissional e foi até promovida no trabalho. Agora queria viver e curtir as delícias da solteirisse e do sexo casual. Desprendida de velhos conceitos, só vai se entregar para viver a dois (se é que vai se entregar) se por acaso, e não tão primordial, conhecer alguém muito, mas muuuito especial.

Na sala sem Danuza

Hoje, estava eu lendo a revista Claudia (maio/2007) e vendo a coluna da Danuza Leão. Vc não tem nada contra e acha o máximo os textos dela? pois eu vou dizer minha opinião: tenho tudo contra e acho as palavras dela tão importante quanto a função do apêndice no corpo humano...
Os textos dessa senhora apenas reforçam a idéia de que, nós mulheres, somos seres muitíssimos diferentes e sempre seremos. Pensar diferente, tudo bem... odeio futebol e adoro um salto alto. Isso é cultural também, mas seria sem graça se não distinguissemos as aparências dos homens e mulheres. Adoro um salto alto...mas não se assemelhar no aspecto "ser humano" eu discordo.
Podemos, assim como eles, não pensar em felicidade associada à um casamento, podemos ser tão competentes quanto eles na política e na vida profissional (vc sabe disso e acha bonagem o que estou falando? e porque ainda somos minoria nesses terrotórios?) e podemos nos presentear com sexo sem compromisso também. E para ser feliz, não sou obrigada a seguir o modelinho padrão de que toda mulher só se realiza quando acha seu homem. Não faço apologia à promiscuidade ou putaria, muito menos sou contra o casamento. Apenas acho que esses modelos de vida tem que ser repensados. Queremos ser felizes, e não só nos padrões impostos pela sociedade.
É por meio desse blog que vou tentar, com minhas crônicas, mostrar vários tipos de mulheres e comportamentos. Mulheres, confusas, desequilibradas, casadas, solteiras, de guerra e de paz. Mas todas unidas em prol da autoestima sem utilizar os parâmetros da sociedade. Homens solteiros e bem sucedidos pensam primeiro neles e são felizes e aproveitam bem a vida estando solteiros. O que não acontece com muitas mulheres que só pensam em arrumar um homem como se ele fosse o protetor, o centro de tudo e a fonte da felicidade.
Danuza disse em uma das crônicas que nós somos muito diferentes e colocamos o amor acima de tudo!! Ahhh não é assim, Danusa! Têm mulheres que pensam mais em seu amor próprio, seus objetivos, seus projetos, sua vida profissional. Eu sou uma. Conhecendo ou não o homem da minha vida, eu sou feliz!
Para quem discorda de mim, passe para outro blog. Ou me critique. Esse blog é um espaço democrático e eu adoro debater esse tema. Ou então filltre tudo que você já viu e ouviu. Aguce seus desejos, curta sensações, recicle suas percepções. Para quem se interessou, bem vindo ao mundo encantado do blog Universo Mulherio. Coloque uma placa no novo chip do seu cérebro: aqui jaz uma mulher cheia de idéias pré estabelecidas (vulgo preconceito mesmo), normas, pudores e lendas.
Gosto de ver coisas inovadoras e não retrógradas como a coluna de Danuza. Outro dia li nessa na Claudia tb um blog muitoooo legal: as mamães modernas ganharam um nome, duas publicitárias criaram o Blog das "Motherns", fusão de Mother com modern... A acessibilidade foi tão alta que foram entrevistadas em vários veículos e até lançaram livros. Muito criativo, muito massa!!! Aí sim vale a pena. Elas falam da mãe moderna, dentre muitos assuntos, daquela que um belo dia vai na balada exagera na bebida e no outro dia acorda de ressaca. Nãooo, não é isso, o blog não é a favor de mulheres alcoolatras! Fala sobre as mamães do novo tempo, das modernas. Acabou essa idéia de passar pro filho a imagem da mãe comandando uma batedeira.
Uma coisa é certa: classificando ou não cada grupo ideológico, estaremos colhendo o que semeamos. Senão agora, com o passar dos anos...então só depende de nós da maneira que estamos criando nossos filhos e ensinando o que é ou não "ser macho" ou "mocinha de família". Vamos ensiná-los a buscar a felicidade com responsabilidade, limites mas sem padrões ultrapassados. Vamos produzir uma nova geração!

Entre, a casa é sua. É permitido repensar.

Mulher também é (quase) tudo igual. Só muda cor, nome e endereço. O tipo mais comum é a que fica reclamando dos homens mas não se esforça pra ter sua liberdade e sua própria verdade. E ainda contribui para a continuação da cultura machista que ainda perdura em pleno século XXI. Claro que com a emancipação da mulher e com o panorama histórico desde à revolução francesa e etc e tal, muita coisa mudou. Mas estou falando de outra coisa, do seu íntimo, de se permitir. Não precisamos ser seres desprendidos de sentimentos, mas temos direito à vida (óbvio) e seus prazeres (não muito óbvio).
Imagino como será a cabeça da mulher daqui há 20, 30 anos. Então me antecipo em tentar evoluir.(Ou será que tem algo errado comigo?). Porque sei das diferenças entre fêmeas e machos, mas tenho em mente que não são da "natureza" como dizem alguns machões e algumas mulheres meio machistas. Sim, mulheres machistas... em plena era moderna... Depois de tantas conquistas! Não entendo porque as pessoas saem generalizando...eu não sou como os textos dizem e nem como os psicólogos dizem que uma mulher pensa... Eu devo ser uma mulher de outro planeta, e nem sei se sou de vênus. Há controvérsias, eu sou eu...e você, acha tudo normal? não discorda de nada que já leu por aí sobre os nossos estigmas?

O que elas gostariam... ( texto enviado por uma leitora)





Ai, ai...aqui estou, numa sexta-feira a noite, em casa. Se eu pudesse, neste momento estaria num boteco, bebendo uma cerveja “Original” e ouvindo uma musiquinha ao vivo. Beeeem satisfeita. Que coisa.Gostaria de ser homem neste momento, pra poder sair sozinha sem ninguém ficar olhando ou falando. Poder, eu posso, eu sei, e sei que é ridículo se importar com o quê os outros pensam, e blá, blá, blá...mas não é disso que quero falar.Quero expor minha indignação. Devíamos possuir as mesmas facilidades que os homens possuem, sem sermos taxadas de vagabundas, loucas, e por aí vai. Gostaríamos de poder tirar a camiseta na rua, num dia de calor (muitos marmanjos devem estar lendo isto agora e dizendo: “Por mim pode tirar, vou até gostar!”. Babaca!!!). Gostaríamos de poder fazer xixi em qualquer lugar, com a mesma praticidade. Gostaríamos de poder “comer” vários homens sem ganhar fama de vagabunda. Gostaríamos de poder beber todas, sair engatinhando da balada, e isto não parecer tããão vulgar assim. Gostaríamos de poder trair o namorado várias vezes, e sermos admiradas por isso. Gostaríamos de conseguir um emprego somente pelo nosso talento, e não porque somos lindas, bundudas, loiras ou morenas. Gostaríamos de conseguir com mais frieza transar por transar, não se envolver, não misturar as coisas. Gostaríamos de poder entrar num bar qualquer, pedir um martelinho e virá-lo num gole só, batendo com o copinho no balcão e dizendo bem alto: “Calibra, chefia!”, sem que ninguém ficasse nos olhando como se a polícia andasse atrás da gente. Gostaríamos de comprar camisinhas na farmácia sem que o balconista nos olhasse com aquela cara de: “Hummm, hoje tem!”. Gostaríamos de ficar esparramadas no sofá vendo “Sex and the City”, enquanto a louça está sendo lavada, a roupa passada e a janta feita pelo maridão, e ainda “dar aquela” antes de dormir. Gostaríamos de ter a capacidade de dizer “te ligo amanhã”, e depois sumir do mapa, sem nos sentirmos nem um pouquinho culpadas por isso.Enfim, pra fechar com o motivo pelo qual me inspirei pra escrever este texto – e agora falo só por mim, porque sei que existem mulheres que conseguem fazer isto (e não são poucas), gostaria de me arrumar bem linda e cheirosa e, solita, ir pra uma festa lotada, dançar a noite inteira no meio da pista bebendo um whisky com energético, passear pra lá e pra cá, falando com uns e com outros, me sentindo linda, leve, solta e muito segura de mim, sem que isso parecesse, no mínimo, moderno demais. Que fosse a coisa mais natural do mundo. Sem hipocrisia, sem rótulos, sem “famas”.E enquanto acabo este texto, me pego pensando: “e por que é que eu não fiz isto, caramba???”P.S. Você aí, amiga leitora, que lembrou de mais algum “gostaríamos...”, comente por favor...devo ter esquecido de algo! E se você não concordou com nada (ou quase nada) do que eu escrevi, comente também!


(Esse texto foi enviado por uma leitora. Quem quiser mandar fique à vontade, esse blog é um espaço democrático e tem o intuito de trazer reflexões sobre o Universo feminino. )

Achei legal o texto e diria que muitas coisas ali do texto dela eu já pratico. Quanto a tirar a blusa não acho necessário. Nós mulheres temos tantas opções de blusinhas levinhas ou vestidinhos soltinhos de alcinha para usar no verão... dá para ser confortável usando roupas femininas sim, pois temos seios e eles não têm. Quanto a se igualar na cafajestisse também não sou a favor. Quero me igualar na posição política, social e na liberdade sexual de nao ser taxada por transar por puro interesse sexual. Não quero ser femISTA (contrário de machISTA) e sim feMINISTA. Acho que o texto é um pouco femISTA. Mas me diverti lendo. De qq forma é uma reflexão sobre nossos desejos reprimidos.
Gostaria de acrescentar um "queríamos". Sou mãe de dois menininhos lindos. E eu queria que fizesse parte da nossa cultura, que eles mijassem sentados. Isso mesmo, não se assustem, caros leitores. Não tem nada a ver com a sexualidade deles. Mas se eles fizessem xixi sentados, tudo seria muito mais higiênico, prático e limpo.Já tentei instituir essa prática em casa, mas eles morrem de achar graça e eu fico com cara de palerma perguntando:" que é, qual o problema de mijar sentado?" e eles só respondem:" quáquáquáquá!!!" Lá vem a história do preconceito de novo... nãó é fácil mudar velhos costumes.
Desisto de lutar sozinha. Agora só volto a luta depois que algumas seguidoras forem comigo fazer um manifesto na rua com a faixa: "Homens, mijem sentados, por um mundo mais justo." Agora se vc é homem, não concorda e está rindo das minhas loucas teorias anti-culturais e a favor da lógica, lanço um desafio. Já que vcs são machos de verdade, defequem em pé também seus cabras da peste!!! (hahaha me desculpem, sou de escorpião, sou impulsiva e falo o que vem na telha quando fico irritada. E mijo na tampa me tira do sério!!! (por favor, não abandonem meu blog...não, não sai daí!! Homens vcs são bem vindos aqui, eu estou na TPM, é isso! Assim que eu sair dessa, juro que reescrevo essa proposta de mijar sentado de maneira mais carinhosa.Também não precisam lembrar de mim quando olharem pro vaso, tá?) Espero não ter decepcionado meus milhões de leitores!!!
Aliás desconfio que esse blog é tão pouco visitado porque muitas mulheres gostam das condições que lhe são impostas pelos machos e pela cultura!!! Sou um grão de areia nessa multidão... nem minhas amigas dão bola pro que eu escrevo.Vivo perguntando se já viram meu blog e elas sempre desconversam. Fiquei tão feliz quando um cara que me achou na net e eu nem conheço deixou um comentario em uma de minhas crônicas... e um blogueiro super inteligente que escreve super bem. Desconfio que minhas conhecidas devem achar tudo bobagem. Tomara que alguém importante me ache . kkkk Mas a cultura machista uma praga no mundo todo. O Japão que é uma potencia mundial, ser mulher lá é suuuper antiquado! Elas ficam em casa enuquanto os maridos ganham dinheiro e ser bem sucedida lá é arrumar um bom casamento! Vi uma reportagem na Marie Claire que me deixou chocada. Afeganistão e África me chocam em primeiro lugar, claro, mas o Japão que é um país tão avançado... nem combina! Leiam a Marie Claire deste mês junho/2007 e entenderão do que eu estou falando! Agora estou sem tempo para escrever, mas depois volto aqui para refletir mais sobre esse assunto com vocês!! Bjos e até mais!