23 de mai. de 2013

Crise existencial feminista





A vida está me ensinando que a busca da lógica da minha existência, está dentro de mim e não nos grupos nos quais me sociabilizo. Tenho dúvidas do que sinto e meu feminismo e espírito de solidariedade, está abalado. Descobri que não era bem o que eu pensava. O cisne virou patinho feio de novo.


Muitas amigas que fiz aqui, nunca viram meu rosto. Nunca me julgaram pela minha aparência. Poderiam nem saber se eu sou homem ou mulher, pois não tem fotos minhas. Mas sabem todo meu passado, se digo que sou mulher. E sabem mesmo, pois todas nós, mulheres conscientes da cultura do patriarcado, sofremos com o machismo. Por mais que eu saia o mínimo possível de casa, que é o que de fato acontece comigo, de um simples marceneiro a um eletricista, raras são as vezes que não me olham estranho quando entram na minha casa solitária, afim de fazer algum reparo. Não importa se sou bonita, não importa minha roupa. Sou mulher. Não sou casada.



Para quê o feminismo, então? Liberta-te ou seria melhor viver e morrer na ilusão? Minha mãe é machista. Mesmo com uma filha que foi agredida, ela continuou sendo machista e culpando a vítima, no caso eu. Ela vai morrer sem entender que a culpa nunca foi minha. Talvez ela que seja feliz. E eu estou mais feliz desde que parei de tentar convertê-la ao feminismo. Me dou melhor e a amo mais agora.

Que felicidade me traz lutar? E se eu sentisse meu ego inflar quando o pedreiro da construção me olha, em vez de vir todo esse filme feminista na minha cabeça?

Escolho sempre os caminhos mais difíceis para minha vida, é impressionante. Maldita tendência que tenho para o sofrimento.

Sempre com ideias malucas, desde criança. Aí vc comete a insensatez de ver lógica em Simone Beauvoir ( aquela mesma que minhas costureiras nunca ouviram falar) e acha que mente não tem sexo. 


Não segue o padrão do senso comum, sente-se sozinha. Na tentativa de amenizar a solidão, vc acha sua tribo e lá dentro encontra, praticamente um novo mini senso comum, sente-se sozinha novamente.

Cada dia mais sozinha... dias, meses, anos. Esse é o preço da intelectualidade feminista?

Estou começando a achar que a ignorância feliz vale a pena. É como ir a um culto da igreja universal. Emoção pura e produção de endorfinas. Eles realmente amam Jesus e acreditam que a ponte está ali. Há quem fature com isso. Mas o amor a uma entidade invisível, é legítimo, existe. Quem sou eu para dizer que não?

Mesmo que novamente minha mãe me culpe em outra oportunidade, mesmo que eu seja estuprada e assassinada por um companheiro em breve, será que minha vida seria melhor sem me preocupar tanto com as outras ( que nem se preocupam tanto com a minha)? Como dizia Cazuza: Vida, louca, vida, vida breve.

O que vale a pena realmente?