29 de abr. de 2010

Dia das mães chegando... começa o festival de machismo na publicidade



Dia das mães chegando... e com ele, o festival de machismo na publicidade!

Essa "joinha" de comercial está sendo veiculado atualmente como campanha nova de dia das mães di shopping Itaguaçu de Floripa.

Pra mim esse comercial reforça o nosso papel mais importante que sociedade prega:  as rainhas do lar! Parabéns aos criadores! Palmas para eles e para as mulheres alienadas que acharam "uma gracinha".


O anúncio mostra que é estranho o cara cozinhar e que a cozinha é nossa praia, não deles... não somos melhores em outros campos, porquê há uma cobrança da sociedade que sejamos antes de qualquer coisa as melhores donas de casa, melhores mães... e sermos mães inclui sermos boas esposas, boas cozinheiras... esse é nosso verdadeiro papel! Tá ali a garotinha, filha da sociedade patriarcal no comercial para confirmar quando faz cara de alívio quando a mãe rainha do lar chega. (A mulher, inclusive, que opta por não ter filho, é vista como uma pessoa fria, quase uma criminosa. Eu amo ser mãe, mas não é por isso que condeno homens e mulheres que priorizam não ter filhos).

Infelizmente o festival de publicidade está só começando... dia das mães é prato cheio para as agências conservadoras, tradicionais, pouquíssimo criativas e inovadoras. A mídia é muito machista e insiste em nos dizer que como mulheres, de fato nosso papel crucial deve ser esse. Ai ai, como falta tempo para a gente avançar pelo menos umas 4 décadas. Morro de curiosidade de saber se daqui há mais uns 40 anos, a luta feminista ganha mais espaço no mundo.

Abaixo o sexismo!!!

"Uma verdade existe sem depender de opiniões"

Em uma rodinha de festa conversando com outras mulheres, me perguntaram se eu falava sobre sexo com meus filhos pré adolescentes. Eu respondi que sim, pois sou uma mãe amiga e procuro informá-los com naturalidade sobre o assunto. Uma das mães soltou a pérola: "facilita por seus filhos serem homens, se fosse menininhas teria que falar de forma diferente." Logo para quem ela falou isso? kkk Bom, essa jovem mãe representa boa fatia sexista da sociedade, infelizmente. Isso me fez pesquisar na net para trazer um texto bacana aqui sobre o assunto meninos e meninas. Eu odeio a literatura e mídia sexista que contribui com esse pensamento social. Tem até livros específicos: "criando meninos" e "criando meninas", para comprovar o quanto essa crença está incorporada no cérebro humano. Vamos fazer o que eu mais gosto de propor aqui neste blog? Então, vamos la: que tal questionar? Vamos à leitura anti-sexismo:

"Até os três anos de idade, as crianças não sabem o que diferencia um menino de uma menina. Na verdade, para elas, menino é aquele que tem cabelo curto, e menina quem tem cabelo grande, o que na verdade já é um estereótipo social, só que ainda não sabem disso.

Logo que nossos filhos nascem, cuidamos de nutrir em seus inconscientes o que primeiramente são, mulher ou homem. Como também já temos um padrão de tratamento para cada gênero, isso complementa a primeira parte do condicionamento que irá transformar menina e menino em seres completamente antagônicos, predestinados a viverem eternamente em conflito, diferentes até como seres humanos. O culto às diferenças passa a ser largamente empregado a partir de então, qualquer que sejam nossas ações.

Observando com mais atenção, podemos perceber que, a partir do momento que as crianças são segmentadas por gênero, toda uma imensa máquina indutora de hábitos, está por trás a apoiar e alimentar tal iniciativa; iniciativa que foi idealizada por eles, mas que delegarão para nós como um processo natural no desenvolvimento de cada indivíduo. Sem perceber, a partir de então, seremos seus agentes multiplicadores. Estamos de um modo tal envolvidos com a questão, que até nossas emoções foram cuidadosamente programadas, de maneira a tratar cada sexo como antagônicos, tornando-nos multiplicadores dessa idéia na mente coletiva.

Existem mesmo reações específicas, por parte de mãe e pai, na forma de falar, nos grupos de palavras que empregam, nos gestos usados quando conversam com os filhos ou filhas. Mudam os conteúdos de cada diálogo, criando um verdadeiro modo operacional de como tratar meninas e meninos. É o poder das tradições que insistimos em perpetuar, ou porque nos falta interesse para questioná-las, ou porque é para nós mais conveniente simplesmente copiar aquilo que já existe pronto, o que decerto dará menos trabalho.

Ao conviverem de forma natural, sem a imposição dos nossos vícios e preconceitos, aprenderão espontaneamente a se respeitarem de acordo com suas limitações e disposições; estarão vivendo num mundo novo, já que cada dia será de descobertas. Não aprenderão que meninos se vestem de azul e brincam com carrinhos, nem que meninas preferem rosa e brincam necessariamente com bonecas, nem que meninos são agressivos e as meninas meigas; descobrirão tudo isso naturalmente, se for uma coisa verdadeira.

Convívio sem a instituição do gênero, faculta-os a compreenderem naturalmente o papel de cada um. Não tentarão se impor uns aos outros; nem haverá a necessidade do gênero dominante, pois isso apenas existe a partir do momento que instituímos o fraco e o forte, o inferior e o superior.

Compreender isso é aprender a respeitar o espaço e limites de cada um, entender que os gêneros não existem para competir entre si, mas antes disso, para se completarem. Não existe inferior ou superior, e sim, diferentes predisposições e capacidades, naturezas psicológicas não antagônicas como queremos supor, mas peculiares a cada ser. "

Texto: John Talber
(Pedagogo e escritor de temas de auto-ajuda. É pesquisador, e estudou por muito tempo filosofia oriental, antropologia, os costumes antigos e a importância das tradições sobre nossas personalidades).

Para ler o texto na íntegra clique aqui.