19 de fev. de 2015

Artistas de meia tigela


A declaração do ator Marcello Melo Jr em seu Twitter, é a prova que muitos artistas são envoltos em um manto de estética e pouco conteúdo. Aquela ideia de profissão intelectualizada, rica em liberdade, cultura, sociedade alternativa e coisa e tal, só existe na nossa cabeça. E nem adianta culpar as novas gerações. É só lembrar dos velhos vídeos virais, preconceituosos de Suzana Vieira e as declarações infelizes de Claudia Raia sobre uma panicat.

Desconfio que artistas somos nós, livres pensadores que acreditamos em um mundo melhor e mais justo, apesar de tudo. Um bando de humanos que usam o argumento da "liberdade de expressão" para ofender, humilhar e ridicularizar outros, são pretensiosos quando falam que produzem arte. Pode até ser, afinal, há defensores da arte sem "limites", mesmo quando esta maltrata e sai rasgando histórias e vivências. Ok. É arte. Mas é notório que não é o tipo que promove e instiga, mas a que retrocede, se torna repetitiva e estagna. Pare o mundo que eu quero descer. Mas não para ir embora, para ajudar a levantar a bandeira do feminismo das mulheres negras.

Quando se tem mais de sei lá quantos mil seguidores, a responsabilidade é grande. Os holofotes são mais importantes do que a sensibilidade? Pensei que incorporar outras essências para dar vida a um personagem, exigia mais sentimento do que a mediocridade de postar algo na linha rasa e fútil do: "sou engraçado, politicamente incorreto e por isso, sou massa".

Sugiro que acordemos e despertemos a arte dentro de nós. Ela está em falta em muitos artistas brasileiros. Sobre meu senso de humor, antecipo: vai bem obrigada. ;)



A velha nova geração

Hj eu estava nos Correios, uma criança e uma mãe estavam na fila. A mãe pede uma informação sobre o tamanho da caixa que deviam comprar, pois iam mandar uma mochila da Barbie para alguém.
" A caixa pode estar um pouco amassada, não tem póbrema não, né?" Pergunta a mãe pra moça do cx. A moça responde que não.
A filha repete pro pai que acaba de chegar, pois estava estacionando: "tem póbrema, não pai, pode ser amassada."
Nesse momento lembrei de um vídeo que mostra as crianças reproduzindo exatamente aquilo que os pais fazem. Isso me faz pensar que nossa responsabilidade na criação de nossos filhos é gigante. Disso depende a evolução social da humanidade. É um erro grotesco impor "verdades" ou qualquer coisa que a gente passou a vida toda acreditando. As crianças são ingênuas, mas são inteligentes. Vamos deixar nossos rebentos livres pensadores. Quem doutrina, mina. É claro, que há coisas que dificilmente elas irão se livrar: nossos sotaques, gírias, palavras que falamos errado. Não estou falando disso, falo é de estimular a liberdade mesmo. Será que nosso amor é grande a esse ponto? Ou será que estamos produzindo em série uma paradoxal nova geração obsoleta?

               

Qual é a sua?



O fato de alguém estar em situação de privilégio, não a isenta de refletir sobre estes privilégios. Pelo contrário, o fato de estarmos em uma situação privilegiada, deveria ser motivo para acreditarmos que não somos especiais e nem mais merecedores do que outros. Uma boa iniciativa é apoiar políticas sociais que equiparam as oportunidades. (Por isso sou a favor de cotas, por exemplo, apesar de nunca ter precisado, me coloco no lugar de quem não teve as mesmas chances que eu na vida).

2- A luta não é para que todos morem embaixo da ponte, mas para que todos possam ter direito à educação, uma vida confortável, uma moradia digna. Assim como nós, que temos cobertores e camas limpas e quentes no inverno, seria interessante que todos tivessem. Em vez de julgar a pessoa que está dormindo na rua, que tal analisar o motivo dela estar ali? A desigualdade social (que vc continua apoiando na medida que é contra cotas e benefícios sociais) pode ser um deles.

É fácil chamar pessoas que lutam ( ou pelo menos tem coragem de se expor) de revoltadas e hipócritas. É fácil não querer sair da zona de conforto e debochar da cara dos outros. É  mais fácil ainda fazer isso por trás do que pela frente. Mas o mais fácil de tudo, é ser neutro, pra ser aceito (a) e querido (a) por todos. Aquele que justifica que preconceito todo mundo tem e pronto. Beleza, nesse caso, o mundo não tem nada pra mudar e quem ousa mudá-lo, não passa de louco. Ninguém precisa ser igual, ninguém precisa sair lutando por nada, mas tem um ditado muito bom que diz: " muito ajuda quem não atrapalha". Pois é, vocês que acham que todos que votaram no são doentes mentais e só você é intelectual,

Revejam seus conceitos antes de sairem atacando.

14 de fev. de 2015

Sobre Felipe Neto x misandria



Bom, vi o vídeo, não achei tão ruim e não me incomodei tanto quanto as companheiras de luta. Ele diz exato o que o senso comum diz. Ele é um ignorante, assim como a maioria que não entende que a luta é tb pra ser " vadia" e ser o q quiser. Na minha família/convívio social, todos repetem exato isso e todos tem asco da Marcha das Vadias, principalmente pelo nome. As pessoas ainda não entendem que o respeito não é condicional, não depende se a mulher é vadia ou não. Vou ver o que ele disse no Canal das Bee ( em vez de criticar o canal por isso) e acho até interessante o canal procura-lo, pois quem sabe ele compreende a luta em vez de repetir essas bobagens.

A solução é gritar pro mundo que nossos pais, tios, parentes, amigos são babacas? O certo é falar uma língua que todos desconhecem. Sim, vamos a luta, mas primeiro de tudo vamos desconstruir. 

Essa vivência feminista, só tem quem participa de um mundo a parte. Quem está debatendo em grupos feministas. Não são diálogos que fazem parte do nosso dia a dia, que são comuns a todas as pessoas. Não é porque nós percebemos nossa cultura como errada, que todos percebem. Pelo contrário, existem N justificativas, até a crença na biologia "diferente", que justifica porque o homem "pode" coisas que a mulher não pode, atrapalha o entendimento.


Sou uma feminista um pouco diferente das demais e muitas não curtem meus pontos de vista, mas vamos lá, vou dizer abertamente o que penso: O problema é que ngm aprende feminismo da noite pro dia. Quantas de nós no começo, sofremos sem entender o feminismo?Temos que ter paciência e discutir o tema, por isso acho interessantíssimo que oCanal das Bee traga essa reflexão pro público de Felipe Neto. ( imagino que ele tenha mtas fãs e nesse momento, imagino que com essa declaração, o feminismo espanta mtas meninas novatas no movimento, que são fãs dele). O feminismo não pode ser um movimento elitizado e intelectualizado. O "protagonismo" do homem branco ( cis ou não, hétero ou não) não deve representar medo pra gente. Não defendo nosso silêncio diante do vídeo, mas atacar sem argumentar, sem fazer o cara ( e os fãs do cara) entender do que se passa, não é uma boa saída. Ou vc acha que as meninas que seguem Felipe Neto ouvem no seu dia a dia palavras como " protagonismo feminino, mulher cis, sororidade, empoderamento"]? No mundo que eu vivo, estamos bem distante de popularizar tais termos.


11 de fev. de 2015

Ditadura da fé


A obrigação que a sociedade impõe nas pessoas para que tenham algum tipo de religiosidade/ crença, chega a ser cruel. Cruel sim, pois não dá pra ficar tirando nosso corpo fora e jogando tudo na conta da "espiritualidade". O pensamento positivo é importante. Nos traz vontade, garra, felicidade. Mas um pouco de pensamento negativo nos traz à realidade, à batalha, é quem nos traz medo.
Medo é importante. Medo pode prevenir males. É como a raiva que não pode ser abafada sempre, mas também não pode ser alastrada em nosso corpo. O equilíbrio é um bom caminho pra não morrer vivo, mas quem disse que esse caminho na corda bamba da vida, só se dá através da espiritualidade? Livros que humanos escreveram? Histórias que pessoas criaram? Não me fale em evidências para fatos que a ciência não explica, ou quando explica, é controversa. Quem tem autoridade maior do que nós mesmos para sabermos o que nos faz bem? Por que precisamos construir nossa felicidade em cima de um ideal, de histórias sobre deuses, de doutrinas e de como devemos ser?
A maturidade está intimamente ligada às nossas experiências negativas. Fingir que elas não existem, é continuar tendo um olhar infantil sobre a vida. É jamais evoluir. Ninguém precisa ser o tempo todo pessimista, mas viver uma falsa felicidade, agir para agradar mais os outros do que a si mesmo, é a maior das traições. A disforia faz parte, assim como a felicidade momentânea, pseudo-eterna. Ter fé não é defeito. Querer que todos sejam iguais, tenham o mesmo prisma e vejam o mesmo sentido na sua fé, é que é um grande problema. É aí que cabe uma análise filosófica, franca, pertinente e necessária.
Por favor, religioso (a), pare de determinar que precisamos de religiões para sermos felizes. Isso é uma grande mentira de vocês. A verdade é que quando dizem isso, querem agradar a si. Você, dono de tantas convicções absolutas e inflexíveis, não deixe que isso afete sua vida de maneira que só se sinta feliz quando os outros aderem.
A diferença entre o fanático e a pessoa que afirma que " todos precisamos de alguma crença religiosa" para sermos felizes, é nenhuma.
Por um mundo com menos dogmas, menos imposições, mais diversidade, divergências e mais liberdade.