21 de jan. de 2015

Ser mulher ou não ser?



Há alguns anos, eu ficava com um rapaz e tínhamos uma ótima compatibilidade sexual. Um dia, depois de transar, ele disse:" vcs mulheres não podem sentir o que um homem sente, gozar é maravilhoso demais! Não acredito que o orgasmo de vocês seja como o nosso"
A partir desse dia, em vez de eu questionar, passei a acreditar que tinha nascido com algum problema sexual, que tinha nascido com características masculinas, devido a minha facilidade de gozar (inclusive já aconteceu algumas vezes, em apenas uma noite, com um cara que conheci naquele dia). A sensação era física, muita lubrificação, orgasmo que contrai a vagina involuntariamente e prazer inenarrável. Não tinha como duvidar: gozo intenso. 
Em vez de questionar o que ele falou, questionei minha sexualidade, duvidei que eu era uma mulher comum. Cheguei a pensar: Será que nasci com hormônios masculinos, ou com os genital hermafrodita? Tinha alguma coisa errada comigo, pois o sexo por sexo, me encantava.
Pra completar, muitas amigas diziam que só gozavam com amor, com emoção, e, que não eram como os homens. E quando diziam que existiam mulheres que nunca tinham tido um orgasmo? Eu achava aquilo muito anti-natural, já que descobrir o orgasmo sozinha, na minha cabeça era instintivo. Isso me trazia angústia. Como eu podia ter genital híbrido ( ou sei lá o quê) se já tive filhos e meus exames dizem que tenho ovários, útero e etc?
Depois de muito pensar concluí: as pesquisas estão erradas. A ciência está errada, não sou como dizem que é uma mulher, mas sou mulher.
Foi assim que percebi que a sociedade impõe um comportamento para meu gênero. Foi assim que comecei a lutar contra tudo e todos que explicam a mulher através da biologia. Foi assim que o feminismo fez sentido em minha vida.
Dane-se a ciência. Não dou o direito de ninguém descrever o que sinto e o que sou.

Nenhum comentário: