23 de fev. de 2012

Mais um assassinato

Quando eu digo que mulheres morrem por que homens as amam muito pouco, nada ou pior que isso, as odeiam, é porque a gente ainda vê no noticiário uma mulher morrer porque reagiu a uma cantada.





Alguns sussuram obscenidades, outros cumprimentam sem conhecer, há os que gritam ofensas dos carros, os que ousam pegar na mão, e ainda os que se atrevem a abusar com toques e tantas outras formas de violência sexual. O homem que atirou contra essa mulher não é diferente de muitos outros no cotidiano, ele só levou às últimas consequências seu inviolável direito de acesso ao corpo das mulheres. Não se trata de um psicopata, já que diariamente a sociedade legitima a violência machista, tornando comum e aceitável o assédio contra as mulheres.

Se revidamos aos agressores, somos "estressadinhas", loucas, imprudentes.Já tem um monte de gente culpando a moça por estar em uma festa sozinha, por se defender, e até questionano a roupa que usava - acusando as vítimas e tratando agressores como fenômeno comum e inevitável. Outros, considerados mais sensatos, falam sobre a punição terrível que merece o assassino, mas o tratam como uma exceção, um ser violento cuja agência individual foi a única responsável pela tragédia. Como se colocá-lo na cadeia para ser estuprado fosse resolver o problema da segurança das mulheres. Além de não solucionar merda nenhuma, ainda serve como formação intensiva para um novo estuprador.

Devemos zelar pela nossa segurança, mas não reagir a um agressor pode ser tão perigoso quanto reagir. Se não tomarmos de volta o direito aos nossos corpos e à nossa liberdade no espaço público, ninguém vai fazê-lo por nós.

Quantas mulheres vão ter que morrer para que o nosso "não" seja levado a sério?

By Cely Couto

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