"Não consegui ser abajur, a luz enfraqueceu
a força do meu eu.
a força do meu eu.
Fui ao salão todas as quintas
e me entupi de tintas.
e me entupi de tintas.
Meu cabelo e meu corpo embalado na grife,
não sei como pude ser tão patife
A primeira mesada me traz uma saudade esquisita.
Sentia vergonha de possuir apenas o rótulo de rica.
Emagrecia e me fartava de orgulho.
Como fui inocente nesse mergulho.
A fome interior aumentava.
Enquanto a magreza se esbaldava.
No fútil, no luxo,
jamais no bucho.
jamais no bucho.
Meu corpo como mero cabide me entusiasmava.
Mais tarde o sentido da vida me enfadava.
Assim continuava o ciclo e eu resguardava
o que tinha de mais profundo,
era mais que meu mundo.
A primeira depressão eu menti.
Hoje acredito que cresci.
O primeiro emprego foi depois de muita idade.
Do divórvcio à liberdade.
O preço para ter um suposto poder,
faria morrer meu ser.
Corroía ser submissa
e ter que acompanhá-lo à missa.
Nem desejo protetor
muito menos provedor.
Recebia desaforo,
engolia meu choro.
Acordo sozinha sem obrigação das quintas
Aprecio com mais moderação as grifes e as tintas
apesar de triplicar a mesada que eu ganhava
O importante não é mais o que eu amava.
Minha vida agora de nada depende,
somente da minha mente.
A gaiola de ouro se desfez
Para a chance de viver mais uma vez.
Daqui pra frente só quero diamante,
e uma barra de chocolate gigante.
Sou linda, independente e feliz
Como eu sempre quis.
Daqui pra frente só quero diamante,
e uma barra de chocolate gigante.
Sou linda, independente e feliz
Como eu sempre quis.
Bato no peito forte,
meu valor segue até a morte.
Sou a mulher que quero,
meu valor segue até a morte.
Sou a mulher que quero,
e digo isso com muito esmero."
Liana Carvalho
PS: Essa poesia foi uma homenagem às mulheres que um dia deram um basta e deixaram de ser objetos para ter objetivos.
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